Título: Leilão de energia frustra o governo
Autor: Inacio, Alexandre e Goy, Leonardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/06/2007, Economia, p. B3

Apesar de o governo apostar no crescimento das energias renováveis, o primeiro leilão exclusivo de energia alternativa, programado para hoje pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), terá uma oferta de energia abaixo do esperado. 'Eu esperava um pouco mais', admitiu o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim. 'Mas a oferta não deixa de ser algo razoável', acrescentou.

Ao todo, 36 empreendimentos - 19 termelétricas movidas a biomassa e 17 Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) - depositaram as garantias necessárias para confirmar a participação no leilão. Somadas, essas usinas têm capacidade para gerar 495,8 megawatts (MW). Esse volume é cerca de 82% inferior aos 2.803 MW dos 87 empreendimentos que haviam sido habilitados tecnicamente pela EPE.

Tolmasquim ficou desapontado com a baixa participação das usinas de cana-de-açúcar, principais fornecedores de biomassa. 'Podia ter um pouco mais', lamentou.

Apesar do interesse das usinas nos leilões de energia, a participação efetiva tem sido cada vez menor. Onório Kitayama, assessor técnico para assuntos de bioletricidade da União da Agroindústria Canavieira do Estado de São Paulo (Unica), explica que governo tem reduzido constantemente o valor do Custo Econômico de Curto Prazo (CEC).

No primeiro leilão, em dezembro de 2005, o valor foi de R$ 22,90. Nos últimos, o valor ficou reduzido para algo próximo de R$ 5, disse Kitayama.O CEC é o valor pago ao vendedor de energia sobre o teto do leilão. Na disputa de hoje, as PCHs terão um valor máximo de R$ 135 por MWh, enquanto a biomassa terá o valor máximo estipulado em R$ 140.

Os usineiros se queixam que o CEC baixo reduz o interesse de participação das usinas, pois não compensa o investimento. Nenhuma eólica vai participar do leilão.