Título: Diretor do Senado investiga chefe
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Fonte: O Estado de São Paulo, 19/06/2007, Nacional, p. A5
O diretor da Secretaria de Controle Interno do Senado, Shalom Granado, iniciou ontem em Maceió o exame das atividades agropecuárias do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), em Alagoas. ¿O que tiver de aparecer vai aparecer naturalmente¿, afirmou ele, esquivando-se de comentar o fato de, na condição de diretor no Senado, ter de investigar o presidente da Casa, seu superior hierárquico.
Granado se encontrou com o subsecretário estadual de Fazenda, Maurício Toledo. Quis saber se as empresas que emitiram notas fiscais de venda de bois do senador são cadastradas na Secretaria de Fazenda, mas não obteve informação conclusiva.
Ainda pela manhã, na Secretaria de Agricultura e na Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária de Alagoas (Adeal), Granado colheu dados sobre as atividades agropecuárias de Renan, que é dono de fazendas na região de Murici. Ele pediu cópias das guias de trânsito animal (GTA), que indicam a espécie, a procedência e o destino do gado, incluindo o local do abate.
Enquanto isso, uma equipe de seis peritos do Instituto Nacional de Criminalística (INC) foi escalada pela Polícia Federal para virar a noite trabalhando na análise de todos os documentos relacionados à defesa de Renan. O laudo será entregue às 11 horas ao presidente do Conselho de Ética, senador Sibá Machado (PT-AC).
Os peritos estão analisando a autenticidade das notas fiscais, recibos, guias de depósitos, cheques e GTAs relacionados às atividades agropecuárias do senador. Ele alega ter faturado R$ 1,9 milhão nos últimos quatro anos com a venda de gado.
Autorizada pelo Senado, a PF estendeu a investigação para a idoneidade das empresas que forneceram os documentos e constatou que alguns deles são frios. Concluiu também que algumas empresas são inidôneas.