Título: Líderes tentam hoje desemperrar projeto
Autor: Madueño, Denise e Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/06/2007, Nacional, p. A11

Os líderes partidários discutem hoje o que fazer com o projeto de reforma política, depois do fracasso na tentativa de votação na semana passada, no plenário da Câmara. O relator, deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), vai apresentar alternativas, mas não há expectativa de que a votação ocorra esta semana. Ontem, o Diretório Nacional do PT reafirmou o apoio ao voto em listas fechadas, mas autorizou a bancada a fazer as mediações necessárias para tentar salvar a reforma.

Na prática, o PT abriu brecha para uma saída intermediária, com um modelo misto. Na semana passada, a votação no plenário fracassou por causa da resistência à lista fechada, em que o eleitor vota na sigla e não mais no candidato que achar melhor. Desde então, surgiu a idéia de adotar um modelo flexível, em que o eleitor vote no partido, mas tenha alguma forma de interferir na ordem de escolha dos candidatos.

O temor é de que sem mudar o sistema não seja possível aprovar o financiamento público de campanha. Várias propostas estão em discussão, mas as resistências continuam. ¿A posição dos que estão contra a lista é inconciliável. O que nós temos é de construir flexibilização para ter maioria para aprovar, porque não haverá consenso¿, disse o líder do DEM, Onyx Lorenzoni (RS).

Caiado mantém a posição de que o financiamento público só é possível com lista fechada. ¿Não há argumento que convença quem quer que seja de que dá para conciliar o financiamento público sem lista fechada¿, afirmou.

Na reunião do diretório do PT, o apoio à lista fechada teve 64 votos a favor, nenhum contra e 2 abstenções. Apesar de insistir no fechamento de questão, o PT admite dificuldades para aprovar a lista fechada em plenário, com resistências nas próprias fileiras. Depois de quatro horas de reunião, o partido reafirmou o apoio a outros três pontos da reforma: financiamento público, fidelidade partidária e fim das coligações em eleições proporcionais.

¿Se houver condições de avançar em direção à lista fechada, melhor, mas a lista flexível pode ser uma alternativa diante do impasse¿, disse o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP). Na semana passada, 27 dos 80 deputados do PT se revoltaram e avisaram que não votariam pela lista fechada, alegando que o sistema favorece o ¿caciquismo¿ da cúpula na escolha dos nomes.

Ontem, Berzoini pôs panos quentes e evitou falar em punições. ¿Não trabalhamos na linha do acirramento interno¿, amenizou. ¿Todo parlamentar conhece o estatuto do partido e sabe que suas atitudes têm conseqüências.¿