Título: PF vai investigar lista da propina
Autor: Tavares, Bruno e Godoy, Marcelo
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/06/2007, Metrópole, p. C1

A Polícia Federal decidiu abrir inquérito para apurar o suposto envolvimento de seus agentes com a máfia dos caça-níqueis. Os nomes de pelos menos dois deles estariam na agenda telefônica do advogado Jamil Chokr, investigado pela Corregedoria da Polícia Civil e pelo Ministério Público Estadual (MPE) sob suspeita de manter um esquema de corrupção que pagava propina a 84 dos 93 distritos policiais de São Paulo.

A decisão de instaurar o inquérito foi tomada pelo superintendente da PF em São Paulo, delegado Geraldo José de Araújo. ¿Já requisitei cópia desse material e, se houver provas, esses policiais serão afastados e processados.¿ Por enquanto, são dois os suspeitos que integram os quadros da PF. Eles foram identificados apenas como Sanches e Júlio César. ¿Temos quatro pessoas chamadas Júlio César trabalhando na superintendência e um Sanches¿, reconheceu Araújo.

O superintendente da PF em São Paulo comentou que, há poucos meses, um agente também chamado Sanches foi afastado das funções, processado e exonerado da instituição por suborno. ¿Se for a mesma pessoa, já nem pode mais ser considerado um policial federal¿, ressaltou Araújo.

Na contabilidade apreendida no dia 25 com Chokr aparece a sigla PF-SP como destinatária de um pagamento de R$ 35 mil em abril. A Corregedoria-Geral da PF tem 30 dias para concluir as investigações, mas, como não há ninguém preso, o prazo pode ser prorrogado.

Além dos federais, foram encontrados os nomes de 52 policiais civis na agenda e nos documentos de Chokr. A Corregedoria da Polícia Civil identificou 27 policiais, 20 dos quais eram investigadores-chefes, homens de confiança de delegados titulares de distritos policiais. Todos os 20 foram afastados de seus cargos. ¿Já estamos ouvindo os depoimentos desses homens¿, afirmou o diretor da corregedoria, delegado Francisco Alberto Campos.

A corregedoria espera concluir esse trabalho na próxima terça-feira. Apesar de o órgão ter anunciado que enviaria à Justiça pedidos de quebra de sigilos telefônico, bancário e fiscal dos suspeitos, até ontem eles não haviam chegado ao Departamento de Inquéritos Policiais do Tribunal de Justiça.