Título: Berzoini aceita antecipar eleição interna do PT
Autor: Oliveira, Clarissa
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/06/2007, Nacional, p. A12

Passado o desgaste causado pelo episódio do dossiê Vedoin, o presidente do PT, Ricardo Berzoini, tornou-se um dos adeptos da campanha para que o partido realize novas eleições internas ainda em 2007, o que poderá significar um encurtamento de seu próprio mandato. Apesar de a tese ter sido encampada por seus opositores quando veio à tona a tentativa de compra do dossiê contra tucanos, às vésperas das eleições do ano passado, Berzoini tem trabalhado para que a legenda escolha uma nova direção em novembro, para que a disputa interna não coincida com as eleições municipais do ano que vem.

Pelas regras atuais, Berzoini deveria permanecer no cargo até novembro de 2008, quando o PT escolheria a nova direção. Por enquanto, o deputado nega que a disposição de mudar a data do chamado Processo de Eleições Diretas (PED) do PT signifique que ele concorrerá a um novo mandato e diz nunca ter sido ¿advogado do continuísmo¿. ¿Não gosto de reeleição em lugar nenhum, inclusive no meu partido.¿

Ainda assim, a tese que circula dentro de sua própria corrente - o Campo Majoritário - é a de que seu nome seria fundamental para encarar a disputa, caso ela ocorra neste ano. Isso porque, para que a eleição aconteça, é necessário aprovar uma mudança estatutária durante o 3º Congresso do PT, agendado para agosto. As correntes internas da legenda teriam pouco tempo para promover seus candidatos e organizar alianças. E, de acordo com um aliado de Berzoini, o Campo Majoritário terá inclusive que apresentar um nome capaz de brigar com o grupo que se formou em torno da tese Mensagem ao Partido.

O documento, que será apresentado no Congresso, prega a renovação do PT e uniu em um mesmo discurso a corrente Democracia Socialista e nomes como o ministro da Justiça, Tarso Genro. Mesmo sem demonstrar o desejo de concorrer, Berzoini indica que não fugirá da tarefa se seu grupo julgar necessário. ¿Não sou de fugir de um desafio, mas não quero colocar isso a priori.¿

PREPARATIVOS

Signatários da Mensagem admitem que a idéia é de fato formar, a partir da tese, uma nova chapa para as próximas eleições internas. O secretário-geral do PT, Joaquim Soriano, afirma que o grupo não selecionou um candidato, mas a lista de eventuais concorrentes incluiria Olívio Dutra, ex-ministro das Cidades. ¿O Olívio é um nome importante, mas ainda estamos discutindo isso¿, afirma Soriano.

Outro grupo que sairá em defesa da realização de eleições este ano é a Articulação de Esquerda. De acordo com Valter Pomar, secretário de Relações Internacionais do PT e um dos representantes da corrente, a idéia é sair do Congresso de agosto com as alianças definidas e o candidato escolhido. ¿Mas discutiremos isso ao longo dos próximos meses¿, diz o secretário.

Pomar, que disputou a presidência do PT pela corrente na última eleição interna, também não se coloca de imediato como candidato. ¿Ainda não há nenhuma discussão sobre isso.¿