Título: Importação em 12 meses atinge a marca de US$ 100 bi
Autor: Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/06/2007, Economia, p. B6

A balança comercial voltou a bater recordes em maio. O dólar barato levou as importações, pela primeira vez na história, a atingir os US$ 100 bilhões no acumulado de 12 meses. Mas o valor das exportações nesse período, de US$ 148,31 bilhões, também foi o maior já observado em 12 meses.

Com isso, o saldo comercial somou US$ 47,86 bilhões no período, permanecendo em nível mais elevado que os US$ 46,07 bilhões de 2006. A projeção do mercado, levantada pelo Banco Central (BC), é de um saldo de US$ 42,1 bilhões neste ano.

O valor mensal das importações também bateu recorde em maio: US$ 9,78 bilhões. Como as exportações do mês somaram US$ 13,64 bilhões, o superávit mensal foi de US$ 3,86 bilhões - valores também recordes, mas para meses de maio. Em relação a maio de 2006, as importações cresceram 34,2% e as exportações, 32,4%.

O secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Armando Meziat observou que essas taxas elevadas de crescimento estão distorcidas porque se devem à operação-padrão realizada pela Receita Federal em maio de 2006, que deixou de registrar parte do fluxo de comércio e tornou pequena a base de comparação.

De qualquer modo, as importações estão em crescimento mais acelerado. De janeiro a maio, as exportações somaram US$ 60,09 bilhões, 21,2% mais que no mesmo período de 2006. As importações chegaram a US$ 43,24 bilhões, mostrando crescimento maior, de 26,7%.

¿O crescimento robusto das importações é efeito da valorização do real e a tendência é que continuem a aumentar¿, avaliou Meziat. Ele salientou que as importações devem continuar crescendo mais que as exportações, mas não o suficiente para reduzir o superávit comercial. ¿É preciso um distanciamento maior das taxas para que o superávit possa cair¿, afirmou.

Meziat destacou, além disso, que as exportações continuam apresentando bom desempenho, apesar da valorização do real. Para ele, as empresas estão procurando melhorar a competitividade e a produtividade investindo em inovação tecnológica para melhorar os produtos e agregar valor, além de aproveitar as importações baratas para comprar máquinas e matérias-primas.

Segundo ele, o volume exportado também está se recuperando. Em 2006, as exportações cresceram 12% em preço e 3,2% em quantidade e no primeiro quadrimestre deste ano, 9,4% em preço e 8,3% em volume.

Embora os preços elevados estejam favorecendo as exportações de commodities, as vendas de manufaturados também estão se recuperando, disse Meziat. As exportações de máquinas e equipamentos, por exemplo, aumentaram 7% em quantidade e 11,3% em preço nos primeiros cinco meses de 2007.

Para Meziat, a concorrência dos produtos chineses é uma preocupação ¿momentânea¿. Ele acredita que a China perderá competitividade quando fizer as reformas econômicas previstas no protocolo de adesão à Organização Mundial do Comércio (OMC). Até lá, segundo ele, qualquer surto de importação de produtos chineses que cause danos à indústria brasileira será combatido por meio de salvaguardas.