Título: Polícia tenta identificar quem vazou informações
Autor: Rosa, Vera e Monteiro, Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/06/2007, Nacional, p. A5

A Polícia Federal tenta localizar na própria corporação a origem do vazamento que pôs em alerta a máfia dos caça-níqueis. O chefe da Delegacia de Crimes contra o Patrimônio em Mato Grosso do Sul, Aldo Brandão, é suspeito de ter informado a organização. Num dos 617 grampos da Operação Xeque-Mate, um membro do grupo diz ter sido avisado da missão que levou à prisão 79 pessoas.

Ontem, Brandão depôs ao delegado Alexandre Custódio, que dirige a apuração, e negou ter fornecido informações. Disse que, em conversa com um freguês de barbearia, em Campo Grande, comentou que os caça-níqueis deveriam ser fechados. O freguês é Elenilton Andrade, um dos presos na operação, acusado de ser gerente de casas de bingo e funcionário do ex-deputado Nilton Servo, suposto líder da máfia. A barbearia fica na frente do escritório de Andrade.

¿Eu não avisei porque não sabia da operação¿, afirmou o delegado. ¿Não sei nada antecipadamente. Se eu tivesse trabalhado diretamente com o caso poderia saber, e obviamente não ia avisar.¿ Ele explicou que a conversa ocorreu um dia depois da apreensão de 465 máquinas, em abril. Andrade teria comentado notícias de jornais sobre as apreensões, dizendo: ¿A polícia quer acabar com o jogo.¿ Brandão teria respondido: ¿A tendência é acabar mesmo.¿

GRAMPOS

Contrariando o depoimento, grampos da PF indicam que em 19 de abril Andrade contou a um conhecido que Brandão alertou a máfia 15 dias antes da Operação Artemis 3. Dizia para ¿o pessoal tirar o equipamento da rua porque haveria repressão da PF¿.

Os grampos envolvendo o compadre de Lula, Dario Morelli Filho, apontam que o vazamento de informações sobre a operação pode ter outra origem. Conforme reportagem do Estado, Morelli avisou Servo de que seus telefones estavam grampeados.