Título: Renan perde apoio no Senado e sofre pressão para renunciar
Autor: Scinocca, Ana Paula e Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/06/2007, Nacional, p. A4

A blindagem para assegurar a absolvição do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), no Conselho de Ética começou a ruir ontem, com a divulgação de um laudo inconclusivo da Polícia Federal sobre os documentos por ele apresentados para comprovar rendimentos e contestar a denúncia de que tinha contas pessoais pagas por um lobista. Feito às pressas, o relatório parcial não descarta a hipótese de que a documentação tenha sido maquiada.

Em reação, até os aliados resistem a arquivar sumariamente o processo por quebra de decoro, que será analisado hoje no conselho. Além disso, os ecos sugerindo o licenciamento temporário de Renan ontem viraram uma forte pressão, dentro do próprio Senado, pela renúncia ao cargo de presidente da Casa.

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) cobrou o afastamento imediato, Jefferson Peres (PDT-AM) pediu a Renan que 'esqueça o fígado e o coração e utilize a razão', Cristovam Buarque (PDT-DF) disse que o País espera investigação rigorosa. Para Renan, porém, não há pressão nem motivo para deixar o posto.

Enquanto isso, surgem novas suspeitas. A Receita identificou laranjas entre os compradores de gado do senador. O número de bois em suas fazendas não coincide com o declarado. Para comprovar condições de pagar a pensão da filha, ele teria inflado os rendimentos, incluindo a verba indenizatória.

Simon, após subir à tribuna para cobrar a renúncia do colega de partido, deu um duro parecer sobre o caso: 'Ele agiu equivocadamente nesse caso, eu não tenho nenhuma dúvida.' Alertou que o Conselho de Ética vai absolver Renan, se a sociedade não cobrar, e insistiu: 'A hora de renunciar é agora.'