Título: Lula cria mais 600 cargos para assessores
Autor: Madueño, Denise
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/06/2007, Nacional, p. A9
Um dia depois de aumentar o salário dos 21.563 servidores que ocupam função de confiança no governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou a criação de mais 626 cargos comissionados. Com a medida - que beneficia indiretamente os cofres dos partidos que cobram dízimo de filiados -, a despesa extra da máquina pública será oficialmente de R$ 23,2 milhões em 2008. Neste ano, o gasto chegará a R$ 13,5 milhões.
O aumento, que chega a 139,75%, tem por objetivo corrigir 'injustiças', de acordo com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Mas a criação de mais vagas de comissão - ou Direção e Assessoramento Superior (DAS) - reacende a briga de petistas, aliados e afilhados políticos no Palácio do Planalto por cargos cujos salários vão de R$ 1,9 mil a R$ 10,4 mil. A oposição também já reagiu à medida.
Em dívida de cerca de R$ 45 milhões, o PT já comemorava anteontem a possibilidade de melhorar sua 'saúde financeira', graças à contribuição que cobra dos comissionados.
Em resposta, o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), entrou com consulta no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo análise dessas doações. No documento, ele disse alertar o tribunal 'sobre a possibilidade determinado governo promover elevada nomeação de filiados e simpatizantes para cargos públicos, conceder-lhes generosa remuneração e reajustes de vencimentos, como meio de arrecadação de recursos para os cofres do partido ou partidos que compõe sua base política'.
Os novos postos criados pelo presidente Lula resultam da Medida Provisória 377, que cria a Secretaria de Planejamento de Longo Prazo. A pasta será ocupada pelo ex-crítico do governo, Roberto Mangabeira Unger. Do total de DAS criados, 83 ficarão na nova pasta. Os outros vão para Sudene e Sudam e Casa Civil e Embratur. Foram criadas ainda Funções Grat ificadas para a área de ensino.