Título: UE começa a debater novo pacto
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Fonte: O Estado de São Paulo, 22/06/2007, Internacional, p. A16

Começou sem avanços ontem em Bruxelas, na Bélgica, uma reunião de dois dias de líderes da União Européia para negociação de um acordo sobre reformas institucionais do bloco. Considerado crucial para o futuro da UE, o novo tratado substituirá a fracassada Constituição européia.

¿Não temos ainda nenhum resultado, nada para anunciar¿, disse a chanceler alemã, Angela Merkel, que ocupa a presidência rotativa da UE, no fim do primeiro dia de negociações. A Alemanha vem liderando os esforços para o chamado Tratado de Reforma. No começo do encontro, Merkel fez um apelo aos 27 países do bloco: ¿Muitos na Europa estão nos observando. Eles esperam por uma conclusão.¿

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, reuniu-se ontem com os primeiros-ministros da Espanha, José Luis Zapatero, e da Itália, Romano Prodi, para selar o apoio dos três países à proposta alemã.

Os esforços de Merkel, porém, esbarram nas duras críticas britânicas e polonesas. O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, deixou claro ontem que a Grã-Bretanha não está disposta a flexibilizar sua posição em itens que considera chave, como política externa, leis nacionais e segurança pública. ¿Precisamos que essas áreas sejam respeitas por completo¿, afirmou Blair.

A principal objeção dos britânicos é que a UE se torne um ¿super-Estado¿. A chanceler britânica, Margaret Beckett, alertou, na quarta-feira, que o bloco está ¿iludido¿ se espera apoio a artigos da antiga Constituição.

Outro obstáculo para os esforços alemães é a Polônia, que quer maior poder de voto no bloco. O novo sistema de votação proposto cria uma ¿dupla maioria¿, que exige para a aprovação de leis e medidas o apoio de pelo menos 55% dos países do bloco. Além disso, é necessário também que esses 55% representem 65% da população da UE. A Polônia opôs-se ao sistema porque perderia peso em relação aos países mais populosos, como a Alemanha.

O primeiro-ministro polonês, Jaroslaw Kaczynski, afirmou numa entrevista antes da cúpula que seu país teria uma população maior se a Alemanha não tivesse matado 6 milhões de poloneses durante a época do nazismo. Apesar do discurso polêmico, o premiê reconheceu na quarta-feira que um acordo é importante para o futuro do bloco.

Tentando evitar um novo fracasso - a Constituição foi rejeitada por franceses e holandeses num referendo em 2005 -, a Alemanha vem fazendo várias concessões aos países do bloco. A tática irritou países que apoiaram o antigo acordo. ¿Temos que acabar com esse strip-tease constitucional¿, disse a chanceler austríaca, Ursula Plassnik.

CONVERSÃO

O jornal britânico The Guardian revelou ontem que Blair viaja amanhã para o Vaticano, onde discutirá com o papa Bento XVI sua conversão ao catolicismo. Segundo fontes, o premiê, anglicano, prepara-se há anos para tornar-se católico, assim como a mulher, Cherie.