Título: 'Êxito no G-4 não é indispensável'
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/06/2007, Economia, p. B4

O êxito das negociações do G-4 teria ajudado no processo da Rodada Doha, mas não é 'indispensável', afirmou ontem o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy. 'O G-4 se reuniu em uma tentativa de fazer coincidirem as posições negociadoras. A convergência entre esses países teria sido útil para reforçar o caminho em direção à convergência multilateral.'

Os países da OMC divergem sobre assuntos como a redução ou eliminação dos subsídios agrícolas e sobre as tarifas do setor e da indústria. Eles esperavam que a reunião de Potsdam abrisse caminho para um acordo global no fim de julho. Lamy pediu ao G-4 que 'contribua para o processo negociador multilateral'.

O presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, disse que, apesar da iniciativa da UE, nem todos os membros da OMC estão dispostos a realizar 'verdadeiras negociações' para avançar na liberalização do comércio. E garantiu que a UE 'continuará fazendo o possível para um resultado ambicioso e equilibrado da rodada'.

O comissário para o Comércio da UE, Peter Mandelson, afirmou que, embora não tenha havido acordo sobre todos os pontos, houve progressos em diversas questões, como no acesso ao mercado agrícola e em matéria de subsídios e serviços.

ONGs, como Oxfam e ActionAid, culpam EUA e UE pelo fracasso do encontro. 'O colapso das últimas negociações do G-4 mostra que UE e EUA voltaram a seus velhos truques dos subsídios agrícolas e do acesso aos mercados', disse Aftab Alam Khan, da ActionAid.

O G-90, que reúne a maioria dos países em desenvolvimento da OMC, emitiu nota criticando a reunião e destacando a importância de que o processo negociador fosse transparente, participativo e multilateral.