Título: Exportações podem ser prejudicadas, diz AEB
Autor: Marin, Denise Chrispim e Petry, Rodrigo
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/06/2007, Economia, p. B5

O vice-presidente executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, avalia que as exportações brasileiras saem prejudicadas com o fracasso de ontem da reunião dos ministros de Comércio dos países do G-4, em Potsdam, Alemanha. Para a entidade, o Brasil será obrigado a partir para acordos bilaterais, com um problema: dependerá da aprovação dos demais sócios do Mercosul, que têm portes e interesses diferentes.

'Para o País, não é bom que fique obrigado a desenvolver acordos bilaterais. Isso é ruim porque o Brasil não tem liberdade para fazer esses acordos, já que integra o mercado comum regional', disse. As regras do Mercosul proíbem que cada país-membro faça acordos em separado com outros mercados.

Segundo Castro, o fracasso nas negociações prejudica novas possibilidades de crescimento para as exportações. Segundo ele, a cotação atual das commodities, que está elevada, ajuda a compensar o problema dos subsídios dados pelos países desenvolvidos aos seus produtores. Quando as cotações recuarem, o problema ficará mais evidente.

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) lamentou, em nota oficial, o encerramento das negociações. 'A conclusão de um acordo equilibrado e ambicioso da Rodada Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC), é fundamental para o Brasil e se constitui em prioridade para os interesses da sociedade em nosso País', comentou o presidente da entidade, Paulo Skaf.

Para a Fiesp, o encerramento abrupto da reunião foi provocado pela falta de disposição, por parte dos Estados Unidos e da União Européia, em apresentar concessões condizentes com o mandato negociador de 2001. 'Sem concessões recíprocas, não pode haver acordo. Os setores industrial e agroindustrial brasileiros não aceitarão um simulacro como resultado da pouca disposição até agora demonstrada pelos Estados Unidos e pela União Européia em concluir a Rodada Doha.'

A entidade avalia como correta a posição do governo brasileiro e aguarda o retorno do processo multilateral de negociações em Genebra, já na próxima semana. 'Estamos atentos aos interesses da sociedade brasileira no processo, mas também confiantes num possível resultado positivo na mesa de negociações. Estamos trabalhando nesse sentido', concluiu Skaf.

Na avaliação da gerente-executiva da unidade de negociações internacionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Soraya Rosar, a suspensão das negociações ontem é 'um péssimo sinal'. 'Quando se chega a um impasse, um joga a culpa no outro. O que a gente tem a lamentar é que a reunião do G-4 sinalizava a possibilidade de reabrir as portas da negociação da rodada. Todo mundo estava com uma expectativa positiva', disse.

Ela lembra, entretanto, que as negociações da Rodada Uruguai foram interrompidas na década passada e retomadas dois anos depois. 'Depois de um ano de novas negociações, se fechou um acordo', disse.