Título: Desemprego fica estável em maio. Renda média sobe
Autor: Farid, Jacqueline
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/06/2007, Economia, p. B11

O desemprego ficou estável nas seis maiores regiões metropolitanas do País em maio, com índice de 10,1%, o mesmo apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em abril e março. O número de ocupados em maio variou apenas 0,1% ante abril e aumentou 2,7% na comparação com maio do ano passado.

Essas variações na taxa de ocupação não têm sido suficientes para provocar a redução do desemprego, já que o número de desempregados nas seis regiões metropolitanas permaneceu inalterado em 2,3 milhões de pessoas em maio, mesmo número de abril.

'A economia vai bem, mas isso não se reflete no mercado de trabalho', comentou o gerente da pesquisa, Cimar Azeredo. Segundo ele, historicamente, o desemprego tende a cair no segundo semestre, mas, com a economia mais dinâmica, isso poderia ocorrer mais cedo, já em maio, o que não ocorreu.

De acordo com Azeredo, só um crescimento econômico mais acelerado poderá levar a um recuo mais forte no índice. 'O mercado de trabalho reflete a falta de dinamismo da economia na criação de mais postos', afirmou ele.

RENDA SOBE

O lado positivo dos dados do mercado de trabalho, segundo Azeredo, foi a manutenção da melhor qualidade do emprego. 'Há uma maior formalização do mercado e aumento do rendimento, isso está claro', observou.

Segundo o gerente do IBGE, o número de trabalhadores empregados com carteira assinada aumentou 0,4% em maio, ante abril, enquanto o grupo dos sem carteira teve variação negativa de 2,3% na mesma base de comparação. Ante maio do ano passado, o emprego com carteira aumentou 3,9%, enquanto o sem carteira recuou 1,3%.

O rendimento prosseguiu em trajetória de alta em maio. No caso do rendimento médio real dos trabalhadores, houve variação de 0,3% em maio ante abril e de 3,9% ante maio de 2006. 'É um fato positivo o aumento da renda e do emprego formal, num momento em que não há geração de vagas e o desemprego não cede', disse.

Para Claudio Oshiro, analista da Tendências Consultoria, a atratividade do mercado de trabalho, com o aumento da renda, está levando mais pessoas a procurar emprego, o que impede a queda na taxa de desemprego.

O perfil dos desocupados nas seis principais regiões metropolitanas do País é de jovens que, na maior parte, não conseguem uma vaga por inexperiência, segundo Azeredo. Dos 2,3 milhões de desocupados nas seis regiões em maio, 38,2% têm entre 18 e 24 anos e 45,6% têm entre 16 e 24 anos.

Além disso, 51,2% têm 11 anos ou mais de estudo, ou seja, têm pelo menos o ensino médio. 'A maior parte (dos desempregados) não consegue emprego porque não tem experiência. O grande problema, hoje, é falta de qualificação e, especialmente, de experiência', disse.

Entre os grupos de atividade do mercado de trabalho, o de serviços prestados às empresas, que inclui os trabalhadores terceirizados, apresentou a maior elevação no número de ocupados (2,5%) em maio na comparação com abril. A maior queda ocorreu no segmento de construção (3,5%).

Na comparação com maio do ano passado, a maior expansão no emprego também ficou com serviços prestados às empresas, com 9,9%. Não houve queda no emprego em nenhum segmento nessa base de comparação, mas a menor variação ocorreu na construção (0,3%).

No setor industrial, a variação foi positiva em 0,5% no número de ocupados em maio, na comparação com abril, e de 1% em relação a maio do ano passado. No comércio, o IBGE verificou queda de 1% ante abril e aumento de 1,6% ante maio do ano passado.