Título: Renan sofre nova derrota e terá de depor no Conselho de Ética
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Fonte: O Estado de São Paulo, 21/06/2007, Nacional, p. A4

Ante novas suspeitas e confirmando o cenário que vinha se delineando nos últimos dias, a tropa de choque do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), esmoreceu e ontem, pela terceira vez, o Conselho de Ética adiou a votação do relatório que pede o arquivamento imediato do processo por quebra de decoro parlamentar contra o senador.

A derrota foi definida em apenas duas horas. Ao constatar que perdera apoio e até os governistas resistiam em absolvê-lo, Renan telefonou para um fiel aliado, Romero Jucá (PMDB-RR), e pediu para ir ao conselho. Sem saída, ele tentará, pessoalmente, provar que não tinha contas pagas por um lobista da empreiteira Mendes Júnior, escândalo que o atinge tanto quanto o Congresso há quase um mês.

Alegando ¿jogo sujo¿ na ¿luta pela coroa¿, Wellington Salgado (PMDB-MG) renunciou ao posto de relator do caso, menos de 24 horas após aceitá-lo. É o segundo a deixar o cargo. Renan, porém, avisou que não cederá às pressões crescentes para deixar a presidência do Senado: ¿Renúncia não existe no meu dicionário. Quem fala em renúncia não me conhece.¿

O governo também deu indícios de que não queria sofrer desgaste pelo episódio e lavou as mãos. Em conversa por telefone, Lula apenas desejou ¿boa sorte¿ a Renan. O senador relatou seu ¿calvário¿, enquanto a oposição, de olho no poder do cargo, já discutia a sucessão ao comando do Congresso.

Por trás do agravamento da crise está a perícia da Polícia Federal, que desmonta a linha mestre da defesa de Renan - a alegação de que ganhou R$ 1,9 milhão com venda de gado, nos últimos anos, motivo pelo qual não precisaria da ajuda do lobista.