Título: Novos cargos vão custar R$ 23 milhões por ano
Autor: Veríssimo, Renata e Paraguassú, Lisandra
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/06/2007, Nacional, p. A10
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, tentou ontem justificar o reajuste salarial de até 139,75% a 21.563 cargos comissionados, que significa despesa adicional de R$ 277 milhões ao ano, e a criação de 661 cargos comissionados, que vão custar R$ 23,2 milhões. Segundo ele, o governo deu reajustes para todas as categorias do serviço público nos últimos quatro anos, mas não mexeu nos salários dos comissionados, que estariam 'praticamente inalterados' desde 1998.
Bernardo disse que a decisão de criar cargos faz parte de uma série de adequações na estrutura do governo. Sobre as 80 vagas da recém-criada Secretaria de Planejamento de Longo Prazo, dirigida por Roberto Mangabeira Unger, explicou que é preciso reforçar as equipes de ministérios que acompanham o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). No caso da Secretaria de Patrimônio da União, que terá mais 224 cargos comissionados, contou que ela recebeu mais atribuições, por causa de mudanças na lei, e passou a administrar o patrimônio da extinta Rede Ferroviária Federal.
O governo, segundo o ministro, terá de fazer remanejamentos no Orçamento da União para cobrir as despesas com os novos cargos, que somarão R$ 13,5 milhões até o fim do ano. Ele explicou que o reajuste dado esta semana, por outro lado, já estava previsto. 'Estamos procurando valorizar, profissionalizar e, evidentemente, isso nos dá condição de cobrar mais desses servidores', justificou. Segundo ele, dos mais 21 mil cargos comissionados, apenas 4,8 mil são ocupados por pessoas fora da carreira.
'RIDÍCULA'
O vice-presidente do PT, Marco Aurélio Garcia, considerou 'ridícula' a crítica da oposição, de que o aumento para cargos comissionados beneficia principalmente militantes do partido. 'Sinceramente, acho penoso ter que ouvir esse tipo de argumento por parte da oposição. É uma observação absolutamente ridícula. Quem tiver interesse no funcionamento do País sabe que é preciso ter funcionários pagos dignamente.' Ele também enfatizou que os cargos em comissão não tinham reajuste desde 1998.
Garcia também achou ridícula a atitude da oposição de questionar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o dízimo que o PT cobra dos militantes. 'Dou meu dinheiro para quem quiser. E dou muito alegremente para meu partido, para que não receba de outras origens. Se outros partidos têm outros tipos de financiamento, o problema é deles. O financiamento do PT é feito pelos militantes.' Para ele, a contribuição de militantes em cargos de comissão é 'cidadania partidária'.