Título: Lula marca visita a instalações da Marinha
Autor: Godoy, Roberto
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/06/2007, Nacional, p. A14
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai conhecer no dia 10 de julho, no Centro Experimental de Aramar, mantido pela Marinha em Iperó, a 130 quilômetros de São Paulo, duas novas gerações de ultracentrífugas para enriquecimento de urânio. As máquinas serão incorporadas às Indústrias Nucleares do Brasil (INB) a partir de 2008.
O roteiro está sendo montado pelo Comando da Marinha, segundo o diretor do Centro de Comunicação Social, comandante Paulo Farias Alves. O Palácio do Planalto iniciou as providências para a visita do presidente na terça-feira, dois dias depois que o Estado divulgou detalhes do programa de capacitação nacional em tecnologia nuclear.
Na segunda feira, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), em Viena, avisou, por meio do porta-voz Marc Vidricaire, que a organização exige a informação de quaisquer modificações nas ultracentrífugas nucleares. A AIEA cobra, ainda, que inspeções no equipamento 'sejam realizadas de acordo com o mesmo padrão vigente'.
A agência e o governo passaram por um momento de negociações delicadas entre 2003 e 2004 , quando o Centro Tecnológico da Marinha decidiu ocultar os conjuntos de máquinas com painéis. Foi preservado, porém, o acesso à informação que interessa ao controle: quanto de urânio em forma de gás entra no sistema e quanto de material enriquecido é extraído. Essa contabilidade é monitorada por meio de câmeras blindadas, acondicionadas em caixas transparentes, seladas por peritos da AIEA.
As ultracentrífugas que Lula verá compreendem as três gerações. As primeiras, desenvolvidas a partir dos anos 80 e em pleno uso, são atualmente ao menos 50 vezes mais eficientes que as da fase inicial. As seguintes, do tipo B, apresentam desempenho 40% maior. A linha C, prevista para entrar em operação por volta de 2011, é ainda mais poderosa: terá desempenho 40% maior que a da série anterior.
SUBMARINO
Lula também conhecerá os planos de criação dos sistemas compactos de propulsão nuclear para um submarino de ataque. Embora tenha sido descartado como prioridade da Marinha em fevereiro de 2006, o projeto acabou sendo resgatado na redefinição do plano de reaparelhamento. É um objetivo de longo prazo - o tempo previsto para que os técnicos projetem e construam uma unidade de 6 mil a 9 mil toneladas, com 96 metros de comprimento e 100 tripulantes, é de 11 anos. Antes disso, será necessário testar e completar um reator PWR, de água pressurizada, de 48 MW.
O equipamento está pronto em Aramar. As grandes peças de precisão que compõem o conjunto estão armazenadas em ambiente de gás liquefeito, para impedir a deterioração. Aguardam a conclusão das obras do Laboratório de Geração Nucleoelétrica, o LabGene. A retomada ainda neste ano permitiria a entrada em operação do equipamento entre 2010 e 2011.
O reator que permanece desmontado vale US$ 130 milhões. Expandido, servirá à produção de eletricidade a partir de usinas regionais. O governo pretende construir oito centrais - duas delas no Sudeste. O Centro Tecnológico da Marinha precisa de R$ 1,040 bilhão para completar as etapas estratégicas do empreendimento: ciclo do combustível, geração de energia, propulsão e infra-estrutura.