Título: Setor público pode fechar o ano com déficit nominal de 2%
Autor: Dantas, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/06/2007, Economia, p. B3
O Brasil deve ter em 2007 déficit nominal nas contas públicas (que inclui os juros da dívida) em torno de 2%, que será o mais baixo desde que se calcula o indicador, na série iniciada em 1981. A previsão é de Fabio Giambiagi, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que apresentou ontem o Boletim de Conjuntura.
O déficit nominal mais baixo registrado anteriormente foi o de 2004, que ficou em 2,43% do PIB. Em 2003, o indicador foi de 4,65%; em 2005, de 2,96%; e em 2006, de 3,01%. Outra boa notícia é a queda dos juros da dívida pública, que atingiram um pico de 8,54% do PIB em 2003, e devem ficar por perto de 6% em 2006.
A projeção de déficit nominal em torno de 2% deriva de um cálculo simples: juros nominais em torno de 6% do PIB, menos o superávit primário próximo a 4%. 'Os resultados podem ter pequenas variações em torno destas projeções', disse Giambiagi.
Ele notou que a projeção de receita total do governo central para 2007 é de 25,33% do PIB, pouco mais de um ponto porcentual acima dos 24,24% registrados em 2006. É este crescimento de receita que explica por que o resultado fiscal de 2007 será tão positivo (na projeção do Ipea).
O economista acha que as mudanças recentes na economia, com aceleração das importações e do consumo interno (que são mais taxados), e um ritmo menor de crescimento das exportações (com tributação menor), podem explicar em parte o aumento das receitas.
Pelo lado da despesa, o governo continua a expansão acelerada dos gastos. O Ipea projeta crescimento dos gastos primários do governo central de 9,9% em 2007, depois de terem crescido em média 9,1% em 2005 e 2006.
A projeção do déficit nominal integra a bateria de boas notícias iniciada com a revisão pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) da série do PIB, que mostrou um crescimento nos últimos anos entre 0,6 e 0,8 ponto porcentual acima do que antes se acreditava.
Como explicou Giambiagi, a primeira boa notícia é que o PIB está crescendo mais. A segunda é que o PIB potencial e o crescimento da produtividade são maiores. A notícia ruim é que a taxa de investimentos é menor, tendo atingido 16,9% do PIB em 2006. Para o economista, 'o importante é que consolidamos as condições para crescer vários anos acima de 4%, podendo aos poucos se aproximar de 5%'.