Título: Governo convoca reunião do álcool
Autor: Pereira, Renée
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/06/2007, Economia, p. B14
Distribuidores e revendedores de combustíveis se reúnem amanhã com o governo federal, em Brasília, para discutir o mercado de etanol no País. Os itens da pauta são o aumento da mistura de álcool na gasolina, de 23% para 25%, a partir de 1º de julho e, principalmente, os preços do produto ao consumidor. Há quem diga no mercado que os representantes das duas cadeias foram intimados pelo governo a explicar por que o preço do combustível na bomba não tem acompanhado a queda verificada nas usinas.
A reunião contará com representantes dos ministérios de Minas e Energia e Agricultura, Agência Nacional do Petróleo e Biocombustíveis (ANP), distribuidores e revendedores de álcool. Os usineiros não foram convidados para participar do encontro, o que aumenta a especulação de que a motivação da reunião é o repasse menor da queda do preço do álcool combustível para o consumidor.
Em São Paulo, de acordo com dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), desde o início de maio até o dia 15 de junho, o preço do álcool hidratado nas usinas havia caído cerca de 35%, de R$ 0,91755 para R$ 0,5893 o litro. Nesse mesmo período, o recuo para o consumidor não chegou a 11%, com os preços passando de R$ 1,484 para R$ 1,325, segundo dados da ANP. Esse descasamento entre os preços é difícil de explicar para o consumidor, especialmente porque quando há alta do preço do combustível na usina, o repasse é quase imediato.
O diretor do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicon), Alísio Vaz, argumenta que o repasse para os postos tem ocorrido na últimas semanas. De fato as reduções podem ser verificadas no relatório semanal da ANP, mas ainda não correspondem ao corte ocorrido na produção. Entre 26 de maio e 16 de junho, os preços dos distribuidores caíram 18%, de R$ 1,187 para R$ 0,974 o litro. Nesse mesmo período, o preço dos postos para o consumidor caiu 8,49%, de R$ 1,448 para R$ 1,325 o litro.
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivado de Petróleo do Estado São Paulo (Sincopetro), José Alberto Paiva Gouveia, afirma que os estabelecimentos têm reduzido o preço para o consumidor conforme o repasse dos distribuidores. 'Já reduzimos cerca de R$ 0,10. Não repassamos mais porque os distribuidores não reduziram', afirmou Gouveia, destacando que ainda não foi convocado pelo Ministério de Minas e Energia para participar da reunião de amanhã. Alísio Vaz confirmou a presença. 'Vamos ouvir o que o governo tem a nos falar.'