Título: Justiça do Mato Grosso do Sul prorroga prisão de 68 suspeitos
Autor: Brandt, Ricardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/06/2007, Nacional, p. A4

O juiz da 5ª Vara Federal de Mato Grosso do Sul, Dalton Igor Kita Conrado, acolheu o pedido da Polícia Federal e prorrogou a prisão temporária de 68 das 80 pessoas presas durante a Operação Xeque-Mate. Entre elas, está o ex-deputado Nilton Cezar Servo, apontado como o chefe da máfia dos caça-níqueis, e Dario Morelli Filho, compadre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo o coordenador da operação, delegado Alexandre Custódio, nas análises de todos os depoimentos, faltaram dados para conclusão dos respectivos inquéritos policiais.

Os únicos mandados de prisão temporária que não venciam à meia-noite de ontem eram os de Servo e de seu filho Victor Emmanuel Servo, ambos presos na terça-feira passada, e o do médico Hércules Mandetta Neto. Entre os acusados, estão nove advogados, sete policiais civis e sete da Polícia Militar. No entanto, a maioria dos 68 que deverão permanecer presos à disposição da PF por mais cinco dias é de pessoas diretamente ligadas a chamada máfia dos caça-níqueis. A principal figura desse grupo é Servo.

Tido pela PF como o chefão de cinco grupos de ¿empresários¿ que compravam, alugavam, emprestavam e exploravam máquinas caça-níqueis, Servo envolveu em seus negócios até a mulher e os dois filhos, que estão detidos no Presídio Federal de Campo Grande.

Um dos envolvidos nos ¿negócios¿ do ex-deputado, Morelli passou a ser peça importante nas investigações da Polícia Federal. Outro acusado que a PF considera com grande potencial de informação é Andrei Cunha Galileu, ex-empregado e sobrinho de Servo, que ganhou o benefício da delação premiada, mas ainda não será liberado.

Ele prestou depoimento duas vezes. Na primeira disse à PF que Servo teria repassado dinheiro a Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão mais velho do presidente Lula. O próprio ex-deputado disse ser amigo de Vavá.

Segundo o pecuarista Jamil Name, dono de casas desativadas de bingo e de caça-níqueis, que teve um filho preso pela Operação Xeque-Mate e foi chamado a depor, Servo dizia abertamente em Campo Grande que era amigo e tinha ¿o beneplácito do presidente¿.

Já Morelli - indiciado por formação de quadrilha, falsidade ideológica, contrabando e sonegação - declarou à Polícia Federal que ¿conhece, mas não tem relação de amizade¿ com Vavá. ¿Ele é irmão do presidente, que é meu compadre, mas não temos amizade¿, disse.

Sobre suas relações com Servo, suposto comandante da organização que explora jogos de azar em 6 Estados, o compadre de Lula admitiu ¿relacionamento de amizade¿.

À Polícia Federal, Morelli negou que seja proprietário de máquinas de caça-níqueis. Também afirmou que não explora jogo de bingo. Seu advogado, Milton Fernando Talzi, disse que seu indiciamento ¿não significa¿ que haja provas.