Título: Para a PF, Morelli é sócio de videobingo
Autor: Brandt, Ricardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/06/2007, Nacional, p. A4

Os documentos da Operação Xeque-Mate e os relatórios de transcrições de grampos feitos pela Polícia Federal mostram que Dario Morelli Filho, compadre do presidente Lula, tinha estreitas relações com o ex-deputado Nilton Cezar Servo, suposto chefe da máfia das caça-níqueis. Para a PF, Servo e Morelli ¿são os proprietários de fato¿ da casa de videobingo Deck Vídeo Bingo, em Ilhabela, no litoral paulista.

A empresa está registrada em nome de Renato Costacurta Prata ME. Segundo a Polícia Federal, Renato Prata ¿não passa de um laranja¿, que responderá por crime de falsidade ideológica.

Os diálogos mostram que, além da sociedade entre eles, Morelli atuava com informações obtidas de policiais civis e até federais e pagava e intermediava o pagamento de supostas propinas. A PF diz que em algumas das conversas ¿ficou claro que eles ofereceram propina¿ a policiais civis de Ilhabela em troca da não-apreensão de suas máquinas caça-níqueis nas diligências de repressão ao jogo de azar.

No dia 4 de maio, um policial civil de nome Rubinho liga para Morelli a fim de avisar que agentes federais iriam fazer apreensões na região. O policial diz: ¿A coisa tá feia.¿ Ao que responde o compadre de Lula: ¿A coisa tá feia, mas vou tocar do mesmo jeito.¿ O policial então informa: ¿Ligaram para ele para avisar que a Federal está atravessando para a ilha.¿

Uma conversa do dia 7 de maio entre Morelli e Renato Costacurta Prata reforçam as acusações da PF de que Servo e Morelli eram de fato sócios numa casa de caça-níqueis em Ilhabela. Nela, Prata cobra seu pagamento. Morelli diz então que verá com Servo, ¿mas que vai arrumar 500 (reais) agora e depois mais 500¿.

Em seu depoimento à PF, Morelli negou ser sócio de Servo. Ele disse que era uma espécie de supervisor da movimentação de uma das casas de jogos do ex-deputado.