Título: Polícia volta a apostar na delação para reunir provas
Autor: Brandt, Ricardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/06/2007, Nacional, p. A4

A exemplo do que ocorreu na Operação Sanguessuga, a Polícia Federal espera contar com a ajuda de um dos presos na Operação Xeque-Mate para obter pistas que incriminem os envolvidos na máfia dos caça-níqueis, supostamente liderada pelo ex-deputado estadual Nilton Cezar Servo (PSB-PR). A peça-chave será Andrei Cunha Galileu, um dos dos 80 presos na operação, acusado de auxiliar a família Servo nas ações ilegais. Ele aceitou colaborar com a PF, por meio da delação premiada, na quarta-feira.

A PF informou que a delação premiada será analisada pela Procuradoria-Geral da República em Mato Grosso do Sul, que decidirá como será o acordo e quais benefícios o acusado pode ter. Com isso, ele será novamente ouvido pelos delegados da PF.

Ainda não se sabe o potencial das informações que Galileu dispõe nem se ele possui documentos. Ele era gerente de uma casa de jogos em Campo Grande e teria trabalhado para Servo, que posteriormente acabou virando seu desafeto.

De acordo com o advogado Eudes Rodrigues, que defende a família Servo, qualquer informação vinda de Galileu é suspeita. Ele afirma que o ex-gerente foi demitido após ter sido apurado um desvio. ¿Não se pode dizer que foi ele, mas foi durante o período em que ele era gerente¿, disse. Com isso, a defesa de o ex-deputado quer desqualificar qualquer nova pista.

Um dos pontos que os delegados querem esclarecer com o acusado é se ele tinha informações sobre o eventual pagamento de propinas para Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão mais velho do presidente Lula. Segundo a PF, há informações sobre o pedido de valores, que variavam de R$ 3 mil a R$ 4 mil, de Vavá para Servo.

Galileu poderia confirmar se os supostos pedidos de propina por parte de Vavá a Servo ocorriam nas visitas que ele fazia à casa de praia de Dario Morelli - compadre de Lula também preso na operação -, no litoral paulista. O advogado de Galileu, Marcelo Dib, confirmou ontem que seu cliente aceitou a delação premiada, mas não quis dar detalhes sobre o depoimento.