Título: Interlocutor advertiu Vavá em nome de Lula , revela grampo
Autor: Brandt, Ricardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/06/2007, Nacional, p. A4

Entre os 617 grampos que fazem parte do processo da Operação Xeque-Mate, um deles flagrou um interlocutor contatando Genival Inácio da Silva - irmão mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva - 15 dias antes de a Polícia Federal prender os acusados. Em tom apreensivo, esse homem, identificado apenas como Roberto, diz que Lula quer se encontrar com Vavá, ¿durante a noite¿. ¿Tem umas broncas lá, porque você anda apresentando uma pessoa no ministério¿, diz Roberto. Outras gravações mostram Vavá pedindo dinheiro emprestado e deixando claro que sabia da movimentação da PF antes das prisões.

Às 20h02 do dia 20, no diálogo que se seguiu por 3 minutos e 31 segundos, Roberto afirma que quer conversar com Vavá ¿fora da casa dele¿. O irmão do presidente diz que vai para Brasília. Roberto, então, comenta que esse era justamente o assunto que lhe interessava: ¿Não vai sem falar comigo não, porque tem umas broncas da po...¿ Vavá, curioso, diz: ¿De quê?¿ E ouve como resposta: ¿Não sei Vavá, depois eu te falo.¿

Vavá cita novamente a ida para Brasília e afirma que vai conversar com Lula. Roberto emenda: ¿Lula quer que você vá lá um dia para conversar com ele à noite. (...) Ele quer que eu vá com você. Quer conversar na casa dele, tranqüilo.¿ E conclui: ¿Eu quero saber, porque tem umas broncas lá, porque você anda apresentando uma pessoa no ministério. Depois eu falo.¿ O irmão mais velho do presidente acabou sendo indiciado pela PF por tráfico de influência no Executivo e exploração de prestígio no Judiciário.

COMENTÁRIO

No comentário que se segue, feito pela PF, essa é uma referência de que os dois falavam sobre as supostas atividades de Vavá como ¿lobista¿. Apesar das suspeitas de que o irmão do presidente poderia estar traficando influência no governo, a PF afirma que Lula não tem ¿qualquer participação¿ no episódio.

Em conversa gravada dois dias depois, às 9h17, Vavá explica a um homem identificado como Rinaldo que evitou ir a Brasília para tratar sobre um suposto lobby na Empresa de Correios e Telégrafos por causa da movimentação da PF em torno da Operação Navalha. ¿Eu não fui porque a Polícia Federal está filmando muito, né Rinaldo, vou esperar passar mais uns dias, aí eu vou lá.¿ Na conversa, o irmão do presidente pede R$ 2 mil emprestados.

A análise parcial dos grampos indica que Vavá tentava ajudar não só empresários do jogo. Numa gravação de 31 de maio, um homem identificado pela PF como investigador da Polícia Civil em Mauá, Gildo, pede ajuda para a transferência de seu filho, um policial federal de São Borja (RS). Vavá pede que ele faça um documento pedindo a transferência. O material seria entregue ao ministro da Justiça, Tarso Genro. Gildo sugere que poderia ser para o ministro ¿ou para a dona Marisa¿. Vavá diz: ¿Para Marisa não.¿