Título: Lula quer que TCU fiscalize obras do PAC
Autor: Marin, Denise Chrispim e Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/06/2007, Nacional, p. A5

Em entrevista após participar da reunião de cúpula do G-8, na Alemanha, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou ontem que vai propor, na semana que vem, que o Tribunal de Contas da União e o Ministério Público fiscalizem o andamento dos processos de concessão de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Essa ação teria o objetivo de inibir a interferência de atos de corrupção nos projetos de infra-estrutura considerados essenciais para alavancar a expansão da atividade econômica do País. A execução de obras do PAC estava no centro dos interesses da Construtora Gautama, pivô da rede de corrupção descoberta pela Operação Navalha da Polícia Federal.

¿Quando eu voltar para o Brasil, vou propor que a gente coloque o Tribunal de Contas e o Ministério Público para montar uma equipe para fiscalizar ¿, afirmou Lula. ¿O Ministério Público já fiscaliza. Vocês estão cansados de ver a quantidade de obras que eles embargam.¿

VAVÁ

Durante a entrevista, Lula foi obrigado, pelo terceiro dia consecutivo, a se esquivar de comentar as novas denúncias que atingem seu irmão mais velho, Genival Lula da Silva, o Vavá, que foi indiciado pela Polícia Federal na Operação Xeque-Mate. Ontem, ele se limitou a fazer insinuações. Declarou que não aceitará ¿pressões para diminuir o processo de investigação da PF, até porque é autônoma¿, nem do Ministério Público.

¿A única coisa que tenho pedido para eles (a PF) é que sejam prudentes, para não condenarem inocentes e não absolverem culpados. É a única coisa¿, afirmou. ¿Eu acho que estão fazendo direitinho. Dói? Dói. As pessoas que aparecem (nos casos) sofrem? Sofrem. Mas um dia vão para julgamento e vai aparecer quem é culpado e quem é inocente.¿

Lula comentou o fato de o G-8 ter aberto um capítulo especial sobre o ¿combate à corrupção¿ na declaração final do encontro do G-8 - o grupo das economias mais industrializadas e a Rússia - com cinco países emergentes e mais dez africanos. O texto enfatiza que seriam bem-vindos os compromissos do mundo em desenvolvimento com o combate a esses delitos. De acordo com o presidente, o Brasil já dispõe dos instrumentos legais necessários para enfrentar a corrupção. Não faltaria, portanto, nenhum novo mecanismo de prevenção. Ele insistiu em que, somente quando o governo ¿vai fundo na investigação¿, aparecem os casos. Essa lógica, insistiu Lula, prevalece no Brasil, nos Estados Unidos, na Itália e em qualquer outro país.

¿Quanto mais se vai a fundo na investigação, mais vai aparecer, até que um dia ela (a corrupção) acabe - se é que um dia ela vai acabar¿, afirmou. ¿O que não falta no Brasil é gente para fiscalizar. Ainda assim, acontecem (casos de corrupção). Não temos nada a fazer a não ser colocar a Polícia Federal para investigar tudo o que for necessário. Isso vai acontecer. Vale para mim e vale para você.¿