Título: FMI diz que BC não deve intervir na valorização do real
Autor: Marin, Denise Chrispim e Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/06/2007, Economia, p. B5

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Rodrigo de Rato, defende um real forte e recomenda que o Banco Central (BC) brasileiro não tente intervir para desvalorizar a moeda.

Para ele, o governo deve aproveitar o momento do real valorizado para reduzir o tamanho das suas taxas de juros. Questionado pelo Estado sobre a situação do País, Rato foi claro: ¿Uma intervenção não é eficiente. O objetivo do Banco Central deve ser o de estabilidade de preços¿.

Rato esteve ontem na reunião do G-8 e informou que falou por alguns instantes com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E anunciou que fará uma viagem ao Brasil no segundo semestre deste ano ainda: ¿Nessa ocasião espero conversar mais com o presidente¿, afirmou.

Ele diz que rejeita a idéia de que a moeda brasileira valorizada seja um problema: ¿Essa é uma boa oportunidade para o Brasil promover uma queda nas taxas de juros.¿ Na reunião de quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu por cinco votos a dois pela redução de 0,5 ponto porcentual na taxa de juros.

A sugestão dada pelo presidente do FMI ao Brasil vai no sentido contrário do que foi dito por ele aos países desenvolvidos.

Rato advertiu a esses países que é preciso estarem vigilantes em relação às eventuais pressões inflacionárias que possam ocorrer e, portanto, apoiando os aumentos nas taxas de juros da Europa.

INTERVENÇÃO

Quanto à intervenção do BC no mercado, Rato vê riscos: ¿Tentar modelar a política monetária pode causar prejuízos¿, disse, ele, ressaltando que, além disso, essa pode ser a oportunidade para que o País tenha uma situação de dívida mais confortável.

¿É também uma oportunidade para que o Brasil faça reformas para ser mais competitivo¿, disse. Para ele, o real forte ainda tornará o Brasil mais atraente para os investimentos estrangeiros.

¿A valorização do real está relacionada com a melhora macroeconômica do Brasil¿, disse o diretor-geral do FMI, que ainda fez questão de ressaltar que a instituição está ¿orgulhosa¿ do Brasil e de como conseguiu ¿fortalecer e estabilizar sua economia¿.

ETANOL

O presidente do FMI também alertou para os riscos de que a expansão da produção do etanol contribua para incrementar as pressões inflacionárias. ¿Precisamos estar atentos a isso. Há pressões nos preços de alimentos e de commodities. Além disso, estamos vivendo em um mundo de altos preços de energia¿, salientou Rato.

Segundo o diretor-gerente do FMI, os biocombustíveis de fato podem ser um dos elementos dessa pressão inflacionária. ¿Isso só reforça a idéia de que temos de ser vigilantes¿, disse Rato.

Um dos impactos da expansão da produção do etanol tem sido o aumento no preço do milho nos Estados Unidos e no México, além da alta nos preços de terras em algumas regiões diante do surgimento das novas oportunidades de lucros.

¿Os bancos centrais precisam estar vigilantes em relação à inflação. Se não fizerem isso, podem perder credibilidade, o que seria um perigo para a estabilidade¿, concluiu.