Título: CNBB acompanha com 'perplexidade' casos de corrupção
Autor: Kattah, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/06/2007, Nacional, p. A11

O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), d. Geraldo Lyrio Rocha, disse ontem que a entidade acompanha com ¿perplexidade¿ e ¿apreensão¿ os escândalos de corrupção que vieram recentemente à tona, envolvendo representantes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. ¿Nós, os bispos, acompanhamos com perplexidade e até apreensão esse momento que o País está vivendo¿, disse d. Geraldo, ao assumir a Arquidiocese de Mariana, em Minas Gerais, na noite de quinta-feira.

As suas declarações seguiram a linha de uma nota divulgada no mesmo dia pelo Conselho Permanente da CNBB. De acordo com a nota, intitulada Democracia e Ética, ¿a corrupção e a impunidade estão levando o povo ao descrédito na ação política e nas instituições, enfraquecendo a democracia¿. O texto dizia ainda que a ¿crise, decorrente da falta de consciência moral, é estimulada pela ganância e marcada pelos corporativismos históricos, que utilizam as estruturas de poder para benefício próprio e de grupos¿.

BENÉFICO

Apesar da apreensão, d. Geraldo afirmou que não deixa de ser ¿benéfico¿ para as instituições o surgimento das denúncias. Disse esperar que sejam devidamente apuradas, garantindo o direito de defesa dos acusados. E acrescentou: ¿Se subtraíram algo que é patrimônio do próprio povo brasileiro, que isso possa ser restituído. O que não podemos é compactuar nem com a corrupção, nem com a impunidade¿.

Indagado sobre o caso do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que está sendo analisado pelo Conselho de Ética, o presidente da CNBB respondeu que cabe ao parlamento definir o destino dele. ¿É uma questão que diz respeito às próprias instituições, que devem ter sua maneira de se autodefender, se afirmar e se preservar. É um assunto que compete, no caso, ao Congresso Nacional, ou ao Senado¿.

MENOS CRÍTICA

D. Geraldo, de 65 anos, foi transferido pelo papa Bento XVI da arquidiocese de Vitória da Conquista, na Bahia, para Mariana. De perfil político considerado moderado, ele disse no dia em que tomou posse no novo cargo que a Igreja ¿quer ter o seu espaço garantido para expor a todos os seus pontos de vista¿.

Isso não deve significar, entretanto, o recrudescimento nas críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. ¿A posição da Igreja não é a de quem fica fiscalizando o governo, nem, muito menos, se colocar como se fosse oposição ao governo. A Igreja não é um partido¿.