Título: Cúpula da UE fecha acordo sobre sistema de votação
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Fonte: O Estado de São Paulo, 23/06/2007, Internacional, p. A29

Líderes europeus e a Polônia acertaram ontem à noite um acordo em relação ao novo sistema de votação da União Européia, anunciou o ministro espanhol para a Europa, Alberto Navarro. O acordo foi alcançado depois de intensas negociações e da ameaça alemã de excluir Varsóvia do Tratado de Reforma.

No segundo e último dia da cúpula, os líderes da França, Espanha, Luxemburgo e Lituânia tiveram de intervir de última hora, após a Polônia rejeitar à tarde todas as propostas feitas pela Alemanha, que ocupa a presidência rotativa da UE, ao presidente polonês, Lech Kaczysnki.No fim da noite, a Polônia finalmente aceitou a chamada ¿votação por dupla maioria¿, depois que a UE concordou em adiar a adoção desse sistema até 2017 e prometeu apoiar Varsóvia no caso de uma nova crise energética. A Polônia se opunha ao sistema - que exige, para a aprovação de leis, o apoio de 55% dos países, desde que eles representem 65% da população do bloco - porque ele beneficia nações mais populosas, como a Alemanha.

Durante a tarde, quando negociadores acreditavam estar próximos de um acordo, o premiê polonês, Jaroslaw Kaczynski (irmão do presidente), disse a uma TV em Varsóvia que as negociações haviam fracassado. ¿Batemos num muro¿, afirmou. Essa rejeição levou a Alemanha a ameaçar excluir o país das negociações. Após a ameaça, o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, pediram à chanceler alemã, Angela Merkel, que desse mais uma chance para o diálogo.

Liderados por Sarkozy, líderes europeus iniciaram então uma nova ofensiva de negociações, reunindo-se com o presidente polonês, ao mesmo tempo em que falavam por telefone com o premiê em Varsóvia.

Paralelamente, as negociações para o tratado que substituirá a fracassada Constituição européia - rejeitada por franceses e holandeses em 2005 - avançaram. Blair, que também tinha várias restrições, disse estar satisfeito com os acordos alcançados. A principal vitória foi em relação ao novo representante da política externa do bloco. O termo ¿chanceler¿ - que Londres via como uma ameaça a suas políticas externas - foi substituído por ¿alto representante¿. O cargo acumulará as funções do atual representante da política externa do bloco, Javier Solana, e da comissária de Relações Externas, Benita Ferrero-Waldner, que cuida do orçamento de ajuda externa.

Além disso, França e Grã-Bretanha resolveram a disputa envolvendo o princípio de competição de mercado ¿livre e sem distorções¿. Sarkozy conseguiu retirar do texto a menção a esse princípio, mas Blair assegurou um protocolo que estabelece a supervisão de Bruxelas para regulamentar cartéis e grandes fusões.