Título: PSOL vai pedir cassação do mandato de Roriz
Autor: Madueño, Denise e Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/06/2007, Nacional, p. A6.

O PSOL vai entrar no Conselho de Ética do Senado nesta semana com pedido de cassação do mandato do senador Joaquim Roriz (PMDB-DF), por suposto envolvimento em esquema de desvio de dinheiro do Banco de Brasília (BRB). A decisão foi tomada ontem em reunião da Executiva do partido. Ao mesmo tempo, o corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), afirmou que vai requisitar ao Ministério Público e à Polícia Civil do Distrito Federal as fitas com gravações telefônicas e dados da Operação Aquarela, na qual a polícia aponta desvio de cerca de R$ 50 milhões no BRB. Tuma, que participa do encontro do Parlamento do Mercosul no Uruguai, chega a Brasília amanhã.

Escuta telefônica feita pela Polícia Civil flagrou diálogos de Roriz com o ex-presidente do BRB Tarcísio Franklin, um dos 19 presos na Operação Aquarela, nos quais os dois supostamente combinam o transporte e a partilha de R$ 2,2 milhões. As gravações foram feitas em 13 de março com autorização judicial. Na conversa, Roriz combina fazer com Franklin uma visita à casa de Nenê Constantino - presidente do Conselho de Administração da Gol - para, de acordo com suspeitas da polícia, repartir o dinheiro.

A assessoria de Roriz diz que o senador necessitava de R$ 300 mil para pagar parte do valor de uma bezerra e que Constantino lhe ofereceu o dinheiro, para ser tirado de um cheque de R$ 2,2 milhões. Ainda de acordo com a assessoria, depois de descontado o cheque, o senador pegou os R$ 300 mil e devolveu os mais de R$ 1,9 milhão para o empresário. Constantino, que havia declarado desconhecer o cheque, confirmou a versão de Roriz em nota divulgada no sábado pela Gol. Segundo a nota, os R$ 2,2 milhões se referiam à venda de uma fazenda do empresário.

No Senado, a avaliação de aliados do governo e de oposicionistas é de que a investigação contra Roriz será inevitável e que a situação do senador é mais grave do que a do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), que já responde a processo no Conselho de Ética. Isto porque, contra Roriz, os senadores apontam que a investigação da polícia foi divulgada pela imprensa acompanhada de gravações.

Além disso, peemedebistas afirmam que dificilmente Roriz, senador de primeiro mandato e ainda com pouca articulação na Casa, terá a solidariedade do partido. ¿O Roriz não tem o trânsito de Renan entre os senadores. Chegou agora no Senado. Não vai ter uma defesa aberta. Nisso terá dificuldade¿, afirmou o senador Gilvam Borges (PMDB-AP), integrante do Conselho de Ética, externando a opinião de outros senadores do partido.

¿O caso de Roriz começa com mais consistência do que o de Renan¿, afirmou o senador Renato Casagrande (PSB-ES), outro integrante do colegiado. ¿O Senado não pode ficar imóvel desconhecendo esse assunto. Um caso como esse, o Senado tem de tomar uma medida¿, continuou.

Independentemente do partido, senadores defenderam ontem a apuração das denúncias. ¿É inevitável a apuração. Uma acusação dessa gravidade não pode ficar sem investigação¿, afirmou o senador Jefferson Peres (PDT-AM).