Título: Mortos 6 soldados da ONU no Líbano
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Fonte: O Estado de São Paulo, 25/06/2007, Internacional, p. A10

Seis soldados das forças de paz da ONU - três espanhóis e três colombianos - foram mortos e dois ficaram feridos ontem num atentado no sul do Líbano, informou o ministro da Defesa espanhol, José Antonio Alonso. Segundo ele, o atentado foi lançado ou por um suicida num carro-bomba ou com uma carga explosiva detonada por controle remoto no momento da passagem do comboio da força de paz.

No norte do país, os confrontos entre o Exército libanês e militantes islâmicos ultrapassaram os limites do campo de refugiados de Nahr al-Bared e chegaram à cidade de Trípoli, onde pelo menos 11 pessoas foram mortas ontem.

Uma fonte policial disse que provavelmente a explosão no sul do Líbano foi provocada por um suicida, pois um automóvel com restos humanos foi encontrado no local. Este foi o primeiro ataque mortífero contra a força da ONU no Líbano, a Unifil, desde sua ampliação, após a guerra do ano passado entre Israel e o movimento xiita Hezbollah.

Forças de segurança disseram que dois veículos blindados da ONU foram seriamente danificados na explosão, que ocorreu perto da cidade de Khiyam, 6 quilômetros ao norte da cidade israelense de Metula. Moradores da área disseram que a munição que estava em um dos veículos foi detonada na explosão.

Ninguém assumiu a autoria do atentado. No dia 2, um porta-voz do grupo Fatah al-Islam, que há cinco semanas combate o Exército libanês em Nahr al-Bared, acusou a Unifil de bombardear esse campo, o que aumentou o temor de ataques contra a força de paz. As forças da ONU foram postas em alerta desde que o Fatah al-Islam iniciou os combates, em 20 de maio. Os militantes ameaçaram ampliar os confrontos para mais partes do Líbano e outros grupos radicais divulgaram comunicados na internet manifestando apoio ao Fatah al-Islam. Dias atrás, uma pequena bomba foi encontrada e desativada em Tiro, perto de um balneário freqüentado pelos soldados da Unifil.

O Hezbollah denunciou o atentado de ontem contra a força de paz, afirmando tratar-se de uma tentativa de desestabilizar o país. O grupo mantém boas relações com a Unifil desde que a força da ONU foi enviada ao Líbano, em 1978. A região fronteiriça está repleta de minas e munição que não explodiu, abandonadas após a guerra entre Israel e o Hezbollah (julho e agosto de 2006) e conflitos anteriores.

Cerca de 13 mil soldados da Unifil, de mais de 30 países, patrulham com 15 mil soldados libaneses ma zona ao longo da fronteira entre o Líbano e Israel. A Espanha, que tem 1.100 soldados servindo no Líbano, prometeu mantê-los no país.

Soldados libaneses mataram ontem pelo menos seis militantes, na maioria estrangeiros, durante busca num apartamento em Trípoli. Forças de segurança disseram que um soldado também foi morto e 14 ficaram feridos durante as dez horas de cerco ao apartamento. Os militantes mataram ainda um policial, suas duas filhas, de 4 e 8 anos, e seu sogro, após usá-los como escudos. O Exército encontrou armas, munição e material para a fabricação de bombas no prédio.

Os radicais mortos, que incluíam uma mulher libanesa, não eram do Fatah al-Islam, disseram fontes de segurança. Mas foi uma informação de um membro do grupo que levou o Exército ao apartamento onde ocorreu o confronto. Buracos de balas, granadas e foguetes cobriam a fachada do edifício. Em Nahr al-Bared, esporádicos tiroteios eram ouvidos ontem, apesar de o Exército ter anunciado na quinta-feira a derrota do Fatah al-Islam.