Título: Macri vence em Buenos Aires
Autor: Palacios, Ariel
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/06/2007, Internacional, p. A13
Mauricio Macri venceu ontem o segundo turno das eleições para chefe de governo da cidade de Buenos Aires (cargo equivalente ao de prefeito). Com essa vitória, Macri desponta como o novo líder da oposição ao governo do presidente Néstor Kirchner.
Apurados 99,5% das urnas, Macri, líder do Compromisso para a Mudança (CpC), obteve 61% dos votos. O candidato de Kirchner, o ministro da Educação, Daniel Filmus, da facção peronista Frente pela Vitória, obteve 39% dos votos. Insatisfeitos com ambos os candidatos, 30% dos eleitores portenhos não foram às urnas, um recorde histórico na politizada Buenos Aires.
'Obrigado a todos que apostaram na esperança e não no medo', disse Macri na sede de seu comitê de campanha, após a divulgação dos primeiros resultados. A vitória de Macri constitui a primeira esperança para a oposição, que desde a posse de Kirchner, em 2003, estava desarticulada e sem autoconfiança.
Nas fileiras da oposição considera-se que a eleição portenha foi o calcanhar-de-aquiles de Kirchner. Segundo o analista político Rosendo Fraga, o mito da invencibilidade de Kirchner foi quebrado. Mas Fraga duvida que a oposição possa derrotar o governo nas eleições presidenciais de outubro.
A vitória de Macri, afirmam analistas, dificilmente poderá levar à criação de uma grande coalizão opositora. 'Essa fantasia de uma frente comum não prosperará, já que a oposição não conseguirá resolver seu problema de liderança e superar suas tradições políticas radicalmente diferentes', disse o sociólogo Heriberto Muraro.
Presidente do time Boca Juniors, Macri comanda uma coalizão que atualmente conta com pouca estrutura fora da capital. Mas mostrou bom marketing político e pode ser uma alternativa de poder a Kirchner. Macri desmente que pretenda candidatar-se à presidência, apesar do desejo de vários setores da oposição. O cenário mais provável é que ele dê seu apoio a um dos líderes da centro-direita.
Com raras exceções, ao longo de sua história Buenos Aires sempre votou contra o presidente. Nas eleições parlamentares de 2005, Kirchner não conseguiu mais de 20% dos votos portenhos. Desta forma, o fato de Filmus ter obtido 40% dos votos está sendo encarado como uma vitória por Kirchner, já que a porcentagem é a maior obtida pelo peronismo em 25 anos.
Analistas afirmam que nas próximas semanas Kirchner pode anunciar sua candidatura à reeleição. Caso ele não se apresente, a candidata do governo deve ser sua mulher, a senadora Cristina Fernández de Kirchner. Segundo pesquisas, Kirchner e sua mulher têm mais de 50% de aprovação em todo o país.
TERRA DO FOGO
Kirchner sofreu outra derrota ontem, desta vez para a centro-esquerda, na Província da Terra do Fogo. Fabiana Ríos, do partido Afirmação para uma República Igualitária, foi eleita governadora da província com 52,5% dos votos. O candidato de Kirchner, o governador Hugo Cóccaro, obteve 46,5%.