Título: Funcionários avaliam estragos e reitora impõe lei do silêncio
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Fonte: O Estado de São Paulo, 25/06/2007, Vida&, p. A16
Os funcionários da reitoria da Universidade de São Paulo (USP) tiveram ontem um domingo de trabalho. Convocados pela direção, tiveram de comparecer ao prédio para verificar se equipamentos e materiais distribuídos pelos seis andares do edifício continuavam em ordem depois da ocupação de 50 dias promovida pelos estudantes da universidade. A reitoria foi liberada por eles na sexta-feira passada.
No interior do prédio, os funcionários encontraram uma grande bagunça. Paredes terão de ser pintadas, segundo equipes de segurança da USP. Computadores, móveis e livros foram trocados de salas. Há suspeita de sumiço de laptops que estavam guardados em um armário. Os servidores tinham ordem da reitora Suely Vilela para não comentar os eventuais danos ao patrimônio provocados pelos estudantes.
Ontem foi também dia de faxina na Cidade Universitária. Pneus que tinham sido colocados na rua da reitoria para evitar a aproximação de carros da Polícia Militar foram enfim retirados. Funcionárias do serviço de limpeza foram chamadas para dar conta do caos instalado no interior do prédio. Pela manhã, peritos da Polícia Científica vistoriaram a torre da Praça do Relógio, escalada pelos estudantes nos dias da invasão.
UNICAMP
Os cerca de cem estudantes que invadiram há uma semana o prédio da diretoria acadêmica da Unicamp realizam assembléia hoje às 17 horas para decidir se mantêm a ocupação.
A tendência, segundo líderes do movimento, é a permanência dos alunos, que exigem a abertura de diálogo com o reitor da universidade, José Tadeu Jorge, presidente do Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp).
Na Unicamp, os protestos também são motivados pelos decretos do governador José Serra que, dizem os alunos, ferem a autonomia universitária.
Jornalistas estão impedidos de entrar no prédio, coberto por faixas de protesto. O órgão emite diplomas e homologa teses de pós-graduação. Uma ordem de reintegração de posse concedida no meio da semana passada não foi cumprida.
Na sexta-feira, funcionários decidiram retornar ao trabalho amanhã, depois de 29 dias parados. A reitoria designou uma comissão para apurar as conseqüências da invasão e estudar penalidades, desde advertências até expulsões.