Título: Patrimônio de acusado encolheu para R$ 1 milhão
Autor: Naves, João
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/06/2007, Nacional, p. A4

Dono de casa de bingo, pecuarista e acusado de ser o chefe da máfia de caça-níqueis desmantelada pela Polícia Federal na Operação Xeque-Mate, o ex-deputado estadual Nilton Cezar Servo teve, no papel, um encolhimento do seu patrimônio nos últimos oito anos. Pelo menos é o que indicam as declarações de bens apresentadas por ele à Justiça Eleitoral em 1998, 2002 e 2006. Servo, que já teve propriedades em vários Estados avaliadas em R$ 6,9 milhões, na última eleição sustentou que tudo o que tem se resume a R$ 1 milhão em jóias e moeda corrente.

Servo foi preso anteontem em Uberlândia, Minas Gerais, sob a acusação de contrabandear máquinas de caça-níqueis do Paraguai e distribuí-las em vários Estados.

Na relação de bens de 1998, quando se candidatou a deputado estadual no Paraná, apareciam várias propriedades rurais. Em Bonito (MS), tinha a Fazenda Progresso, no valor de R$ 450 mil, e outra propriedade rural em Tocantins, de R$ 600 mil. Da declaração faz parte uma propriedade urbana em Nova Esperança (PR), avaliada em R$ 300 mil, e outra em Campo Grande (MS), de R$ 500 mil.

Também foram declaradas ações de duas empresas agropecuárias em Goiás, avaliadas em R$ 5 milhões.

Servo discriminou ainda a posse de uma Blazer ano 97, de R$ 35 mil, um Palio 98, de R$ 12 mil, e uma BMW 95, de R$ 60 mil, totalizando um patrimônio de R$ 6,9 milhões.

Em 2002, quando tentou de novo uma cadeira na Assembléia, Servo declarou à Justiça Eleitoral ter um patrimônio bem mais enxuto: R$ 1,4 milhão, sendo 3.700 sacas de café avaliadas em R$ 629 mil, jóias no valor de R$ 411.316,00, e R$ 388.200,00 em dinheiro.

Quatro anos depois, na eleição para a Câmara dos Deputados, a declaração de bens descrevia patrimônio inda menor: R$ 500 mil em jóias e R$ 500 mil em moeda corrente, totalizando R$ 1 milhão. Embora se declarasse pecuarista, Servo não teria mais nenhuma fazenda ou carro nessa ocasião.

O advogado do ex-deputado estadual, Omar Rasslan, disse que seu cliente vive de negócios da família. São duas fazendas produtoras de gado de corte em Goiás e em Brasília e uma empresa de turismo em Bonito, Mato Grosso do Sul, um dos destinos mais procurados no Centro-oeste.