Título: Compadre do presidente nega amizade com Vavá
Autor: Naves, João
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/06/2007, Nacional, p. A4

O empresário Dario Morelli Filho, que a Xeque-Mate enquadrou em quatro crimes - formação de quadrilha, falsidade ideológica, contrabando e sonegação -, declarou à Polícia Federal que ¿conhece, mas não tem relação de amizade¿ com Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. ¿Ele é irmão do presidente, que é meu compadre, mas não temos amizade¿, disse Morelli.

Sobre suas relações com o ex-deputado Nilton Servo, que a PF acusa de comandar organização que explora jogos de azar em seis Estados, Morelli afirmou: ¿Temos relacionamento de amizade.¿

Morelli foi preso segunda-feira em São Bernardo do Campo, onde mora. A PF levou o empresário e documentos que considerou importantes para instruir o inquérito. Os policiais descobriram que ele é proprietário de uma empresa que aluga automóveis para políticos em campanhas eleitorais. A empresa, que tem o seu nome, foi aberta em 2001. Em 2006, ele registrou alteração do objeto social e entrou no ramo da locação de carros.

À PF ele negou que seja proprietário de máquinas caça-níqueis. Também afirmou que não explora bingo. Seu advogado, o criminalista Milton Fernando Talzi, disse que o indiciamento de Morelli ¿não significa que haja provas, significa que na opinião da autoridade policial existem indícios¿. ¿Nessas últimas operações muitos foram indiciados e muitos foram absolvidos¿, assinalou Talzi.

¿Essa capitulação é provisória e pode ser modificada pelo Ministério Público no momento da denúncia e, depois, pelo juiz no momento da sentença¿, ressaltou o advogado.

GRAMPOS

Ontem, porém, a Procuradoria da República em Campo Grande informou em nota oficial que, ¿após analisar os elementos probatórios até então reunidos, manifestou-se perante a Justiça pelo deferimento da quase totalidade das medidas cautelares requeridas¿.

Durante o interrogatório de Morelli, os federais fizeram o compadre de Lula ouvir os grampos telefônicos que o flagraram em conversas com Servo e outros supostos integrantes da organização. ¿São conversas pequenas e públicas, fora do contexto¿, disse o advogado. ¿O que está acontecendo hoje é que a polícia, e não só a Federal, está usando o grampo como uma ferramenta que deveria ser o meio para se obter uma prova como uma prova definitiva.¿