Título: UNE consegue mobilização parcial
Autor: Tomazela, José Maria e Henrique, Brás
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/06/2007, Vida&, p. A22

A União Nacional dos Estudantes (UNE) promoveu ontem um dia de mobilização para pedir a criação de um Plano Nacional de Assistência Estudantil para construção e ampliação de creches, restaurantes universitários, moradia estudantil e financiamento para transporte. A entidade também quer a aplicação de 10% do PIB em educação. ¿As manifestações foram vitoriosas porque conseguimos mobilizar os estudantes por uma causa que servirá aos próximos que vão entrar na universidade e não têm condições financeiras¿, avaliou em nota à imprensa o presidente da UNE, Gustavo Petta. ¿Não se trata de simples capricho ideológico ou voluntarismo estudantil.¿

Em Botucatu, o feriado de Corpus Christi frustrou os planos de mobilizar alunos da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Um grupo chegou a se reunir ontem de manhã para discutir a forma de protesto, mas a maioria dos estudantes viajaria à tarde para aproveitar o feriado prolongado. Docentes e servidores da Faculdade de Zootecnia decidiram aderir à paralisação que, desde a semana passada, atinge o Instituto de Biociências e a Faculdade de Medicina.

Em São Carlos, a mobilização se limitou aos 15 diretores do Diretório Central de Estudantes (DCE) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), que distribuíram panfletos ontem nas salas de aula da instituição em apoio ao dia nacional de luta da UNE. Cerca de 95% dos funcionários da UFSCar continuam em greve.

PAUTA ATENDIDA

O saguão do prédio da reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre, foi desocupado pelos estudantes depois de uma assembléia na noite de ontem. Um grupo de cem alunos estava acampado no local desde a manhã de terça-feira e decidiu se retirar depois de aceitar uma proposta feita pelo reitor José Carlos Hennemann, que se comprometeu a atender praticamente toda a pauta de reivindicações organizada pelo DCE.

Em negociação de quase quatro horas durante o dia, Hennemann disse aos representantes dos alunos que o restaurante da Escola de Educação Física estará pronto até dezembro e que há projeto para a ampliação do restaurante do campus do bairro Agronomia. Também anunciou que universidade vai definir sua política de cotas para índios, negros e estudantes egressos do ensino público ainda neste mês e admitiu reduzir a taxa de inscrição para o vestibular, que é de R$ 100.

Estudantes da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que tinham invadido a reitoria, em Curitiba, na manhã de terça-feira, cumpriram a promessa de que a manifestação duraria apenas 24 horas e deixaram o local, exatamente às 10 horas da manhã de ontem. ¿Conseguimos chamar a atenção da sociedade para a necessidade de colocar a educação como prioridade no País¿, disse o diretor do DCE, João Paulo Mehl. Cerca de 60 estudantes passaram a noite na sala da reitoria.

Alunos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e funcionários de instituições de ensino superior promoveram ontem uma manifestação em frente ao Hospital das Clínicas, na região central de Belo Horizonte. De acordo com os participantes, o ato foi realizado em protesto contra portaria interministerial que prevê a transformação dos hospitais universitários em fundações estatais. A UFMG informou que nenhum ato foi realizado nas dependências da universidade.

O grupo de estudantes que havia acampado anteontem na reitoria da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no Recife, deixou o local por volta das 16h30 de ontem. Eles não impediram o funcionamento da reitoria e foram recebidos pelo reitor em exercício, Gilson Edmar.