Título: Produção de carros é recorde e emprego é o maior em 10 anos
Autor: Silva, Cleide
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/06/2007, Economia, p. B7

Puxada pelas vendas recordes, a produção de veículos em maio também foi a maior da história da indústria automobilística brasileira, com 258,9 mil veículos, um salto de 15,9% em relação a abril e de 7,2% na comparação com o mesmo mês do ano passado. As projeções de que o mercado continuará aquecido levaram as montadoras a abrir novas vagas. No mês passado, foram contratados 1.421 funcionários, ampliando o quadro total para 110,7 mil pessoas, o maior nível de emprego no setor nos últimos dez anos.

Os dados divulgados ontem pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) não incluem as 1,7 mil contratações anunciadas pela Fiat no fim do mês passado. Em 1997, quando a indústria produziu 2 milhões de veículos, havia 115,3 mil empregados nas montadoras. Nos últimos dois anos, foram abertos quase 20 mil novos postos.

De janeiro a maio, foram produzidos 1,137 milhão de veículos (incluindo caminhões e ônibus), número 5,8% maior que o de igual período de 2006. Também é o melhor acumulado para o período de cinco meses já registrado pelo setor. As vendas internas somam 883,6 mil unidades, 24% a mais que no ano passado. Financiamentos acessíveis, prazos mais longos e estabilidade da economia são os motores desse aquecimento, afirma o presidente da Anfavea, Jackson Schneider.

¿O crescimento da indústria é sustentável, não é uma bolha¿, diz o executivo, que manteve para o ano a projeção de produção de 2,78 milhões de veículos e vendas internas de 2,2 milhões de unidades. ¿Vamos esperar fechar o semestre para analisarmos possíveis mudanças.¿

MERCADO EXTERNO

Em valores, as exportações do setor em maio somaram US$ 1.131,3 bilhão, também o melhor resultado mensal histórico, embora o número ainda seja preliminar. No ano, as vendas externas totalizam US$ 4,87 bilhões, apenas 0,7% acima do resultado de igual período de 2006.

Já em unidades, as exportações caíram 10,7%, para 312,5 mil unidades no ano, reflexo, segundo Schneider, da perda de competitividade do carro nacional por causa da desvalorização do dólar. ¿Houve aumento de preços em dólar, para repassar a apreciação do real, mas essa transferência tem limites e já começa a aparecer com a queda do volume exportado, que é bem representativa¿, diz o executivo.

Mantido o ritmo de queda, ele prevê que o País deixará de exportar cerca de 90 mil veículos este ano, quase uma fábrica inteira da PSA Peugeot Citroën, por exemplo.

O setor aguarda para as próximas semanas medidas para desonerar as exportações a serem anunciadas pelo Ministério da Fazenda, beneficiando também outros segmentos, como o de calçados e têxteis. Schneider afirmou que as empresas precisam definir novos investimentos para ampliar a capacidade produtiva e essas medidas podem ajudar na definição das matrizes.

Schneider ressalta que o mercado interno é importante, mas também é preciso garantir condições de competitividade externa futura. ¿O produto brasileiro precisa ser competitivo lá fora e aqui dentro na eventual exposição a produtos externos.¿ Uma das reivindicações do setor é a liberação do crédito do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) retido das exportações.

MOTOS

A produção de motocicletas aumentou 10,3% em maio ante abril, para 156,5 mil unidades, informa a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas (Abraciclo). As vendas do setor somaram 140 mil unidades, um crescimento de 5%. No ano, foram vendidas 669,8 mil motos, 27,6% a mais que em 2006. Em maio, foram fabricados 258,9 mil veículos e setor atingiu 110,7 mil empregados no País.