Título: Apenas 5 admitem voto contra senador
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/06/2007, Nacional, p. A4

Se o processo de cassação de mandato do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), fosse levado à decisão do plenário hoje, ele seria absolvido pela ampla maioria dos colegas. Enquete realizada pelo Estado com 54 dos 81 senadores, ou dois terços do total, mostra que 24 (44,4%) votariam pela absolvição de Renan. Apenas 5 senadores (9,2%) optariam pela cassação de seu mandato. Responderam que preferem aguardar o aprofundamento das investigações 23 senadores (42,6%), mas grande parte deles demonstrou tendência de, no momento, absolver o presidente do Senado. Dois senadores (3,7%) não quiseram responder. Para ele perder o mandato, é preciso que pelo menos 41 senadores (maioria absoluta) votem pela cassação.

Renan é investigado no Conselho de Ética do Senado desde o dia 6 de junho pela suspeita de ter pago despesas pessoais - como pensão e aluguel para a jornalista Mônica Veloso, com quem teve uma relação extraconjugal que lhe deu uma filha - com recursos de Cláudio Gontijo, lobista da empreiteira Mendes Júnior em Brasília.

Nestas duas semanas, o processo contra ele já teve dois relatores e foi marcado por conflitos e indecisões dentro do conselho. Os defensores do presidente do Senado não conseguiram arquivar o caso e, agora, a nova tática é pela prorrogação das investigações até que o assunto perca importância no noticiário. Se o conselho optar pelo arquivamento, o processo nem será levado ao plenário do Senado.

A maior parte dos senadores ouvidos na enquete concordou em responder com a condição de que seus votos não fossem revelados. A pesquisa mostrou que o presidente do Senado não teria a seu favor apenas votos de governistas, mas também de parlamentares do DEM e do PSDB. Revelou ainda que o voto secreto ajudaria Renan. Mas há divergências.

RISCO

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) avalia que a aposta no voto secreto pode ser ¿o último e o mais grave erro desse processo cheio de erros¿. Ele avalia que a estratégia de levar o caso ao plenário confiando na tese de que o voto secreto favorece Renan pode surtir efeito contrário. ¿O que mais dificulta e pesa é votar contra o amigo e não contra a opinião pública. Nesse caso, o constrangimento dos senadores em votar contra Renan é muito maior no voto aberto¿, raciocina Cristovam.

Integrante da ala oposicionista do PMDB, o senador e ex-governador de Pernambuco Jarbas Vasconcelos defende a tese de que o companheiro de partido se afaste da presidência da Casa até o fim do processo. ¿Ele deveria ter se afastado desde o início, com essa acusação que pesa contra ele. Achou que, com a defesa, mataria o assunto, mas não conseguiu¿, disse Jarbas na sexta-feira.

O peemedebista Pedro Simon (RS) e o petista Eduardo Suplicy (SP) têm a mesma opinião de Jarbas. Na semana passada eles pediram, do plenário do Senado, o afastamento de Renan do comando da Casa até que as investigações sejam concluídas. Ele já avisou, contudo, que não pretende ¿arredar o pé¿ do cargo.