Título: 'É claro que querem assassinar minha honra'
Autor: Costa, Rosa e Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/06/2007, Nacional, p. A4

Depois de chamar de ¿esquizofrênico¿ e ¿kafkiano¿ o processo a que responde e de tentar atrelar a denúncia de que teria contas pessoais pagas por uma empreiteira a uma ¿crise institucional¿, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) recorreu ontem novamente a uma frase de efeito para se defender. Dessa vez, o parlamentar disse acreditar que a sua ¿honra¿ está sendo atacada por ¿detratores¿.

¿É claro que querem assassinar minha honra¿, afirmou Renan, antes de deixar o Senado, por volta das 17 horas. Em seguida, o senador emendou: ¿Mas não vão assassinar, porque não têm provas de absolutamente nada.¿

No curto espaço entre seu gabinete e o elevador privativo dos senadores, o presidente do Congresso disse que não lhe cabe tecer comentários sobre procedimentos ou prazos do Conselho de Ética. Ele alegou que já fez sua parte, ao ¿apresentar provas contábeis¿.

Renan sugeriu, por fim, que esta e outras indagações fossem repassadas ¿ao conselho, aos advogados, aos detratores¿.

ESTRATÉGIA

O senador tenta hoje retomar a rotina de votações no plenário, com o exame de um projeto de lei, três medidas provisórias e um projeto de conversão de MP, que estão trancando a pauta.

Trata-se de estratégia definida conjuntamente com parlamentares aliados. Renan tenta evitar que uma eventual paralisia do Senado seja atribuída às denúncias que pesam contra ele, o que aumentaria a pressão por seu afastamento do comando da Casa.

O projeto de lei, que trata das regras de implantação das Zonas de Processamento de Exportação (ZPEs), é polêmico e divide praticamente todas as bancadas no Congresso. A sua votação só deve ocorrer após a análise das medidas provisórias, entre elas a que aumentou o valor do salário mínimo - de R$ 350 para R$ 380 - a partir de 1º de abril.