Título: Planalto espera que caso Roriz alivie a crise
Autor: Costa, Rosa e Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/06/2007, Nacional, p. A4

O Planalto espera que as novas suspeitas envolvendo o senador Joaquim Roriz (PMDB-DF) desviem o foco da crise que atinge o presidente do Senado, Renan Calheiros. Embora não esteja interferindo diretamente na operação para salvar Renan como o aliado alagoano gostaria, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não quer que ele seja defenestrado e muito menos vê um substituto com perfil ideal para o posto. Está preocupado, ainda, com o impacto da crise nas votações de interesse do governo no Senado.

É nesse contexto que o surgimento das denúncias contra Roriz - antigo desafeto do PT - vem sendo avaliado como ¿conveniente¿ pelo Planalto. Ex-governador do Distrito Federal, Roriz é suspeito de ter negociado partilha de R$ 2,2 milhões com o ex-presidente do Banco de Brasília (BRB) Tarcísio Franklin de Moura - um dos 19 presos na Operação Aquarela, da Polícia Civil.

Em conversas reservadas, auxiliares de Lula dizem que não há provas contundentes contra Renan. Mas consideram fortes os indícios contra o ex-governador do Distrito Federal.

Roriz não apenas apoiou o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) na disputa contra Lula pela Presidência, como coordenou a campanha do tucano no segundo turno, no Distrito Federal. No fim da eleição, petistas fizeram questão de destacar a vitória de Lula em redutos de Roriz.

Agora, o governo torce para que a turbulência na direção do ex-governador abafe a crise envolvendo Renan. Lula só espera que o caso esfrie para anunciar o novo ministro das Minas e Energia, Márcio Zimmermann, e cargos cobiçados em Furnas, Petrobrás, BR Distribuidora, Eletrobrás, Eletronorte, Eletrosul e Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Em reunião com os ministros da coordenação política, Lula pediu informações sobre a situação de Renan. Recebeu relatos de que ele considera não estar tendo a chance de se defender como gostaria. Lula espera não ser necessário que Renan renuncie ao comando da Casa.

Interlocutores do presidente negam que ele esteja à procura de nomes que possam substituir Renan, em caso de necessidade. Todos lembram da lentidão de Lula para iniciativas desse porte. Dois ministros que participaram ontem da reunião disseram ao Estado que o governo é ¿solidário¿ com Renan e torce para uma solução tranqüila e rápida para o caso.