Título: PSOL faz papel do PT dos velhos tempos
Autor: Scinocca, Ana Paula
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/06/2007, Nacional, p. A5

Dissidência do PT, o PSOL segue agora a mesma estratégia que o partido do presidente Lula usava nas décadas de 80 e 90 para fazer política quando era oposição ao governo. Com o discurso centrado no combate à corrupção, o PSOL foi autor da representação contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e deve fazer o mesmo contra o senador Joaquim Roriz (PMDB-DF).

Mais: amanhã, o partido promete colocar nas ruas uma campanha popular, batizada de ¿Fora Renan¿, cobrando a saída do presidente do Senado, investigado por supostamente permitir que a empreiteira Mendes Júnior pagasse despesas pessoais suas. Exatamente como o PT faria antigamente.

Integrantes do PSOL ainda se surpreendem por cumprirem solitariamente esse papel, estranhando o que chamam de omissão da maioria dos partidos em relação às denúncias de irregularidades.

¿Nós do PSOL não desejamos ter esse papel de justiceiros. Gostaríamos de ter muitos partidos ao nosso lado nessas histórias. Mas achamos que é dever de todo político não se omitir diante de irregularidades, como aconteceu no caso do senador Renan Calheiros. Infelizmente, outros partidos não pensam dessa maneira¿, afirma o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ). Alencar se diz decepcionado com o PT.

¿É como se fosse um amigo dileto que se afasta e você fica perguntando notícias sobre ele. E aí descobre que ele anda perdido, se metendo em problemas¿, compara. ¿Não dá para esconder a decepção de ver que no pedido de abertura da CPI da Navalha na Câmara apenas dois deputados do PT, Paulo Rubem Santiago (PE) e Francisco Praciano (AM), aceitaram assinar o pedido. E o PT, historicamente, sempre defendeu a CPI para investigar irregularidades envolvendo empreiteiras. Agora, tudo mudou.¿

O deputado amplia a crítica a outros partidos de esquerda, como o PC do B. ¿Não consigo entender como eles também não apoiaram a CPI da Navalha. O que os impediu?¿