Título: PMDB cobra Roriz sobre denúncia
Autor: Scinocca, Ana Paula
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/06/2007, Nacional, p. A5

Flagrado em escutas telefônicas comprometedoras, o senador Joaquim Roriz (PMDB-DF) foi cobrado pelo próprio partido. ¿A denúncia é considerada grave e é preciso que dê explicações¿, cobrou o líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO). Roriz, que ontem não apareceu no Senado, teve conversas com o ex-presidente do Banco de Brasília (BRB) Tarcísio Franklin de Moura, nas quais é discutida a divisão de R$ 2, 2 milhões. As conversas foram interceptadas com autorização judicial. A partilha de recursos, segundo investigação da Polícia Civil, teria sido feita no escritório do dono da Gol, Nenê Constantino, em Brasília. Moura presidiu o BRB entre 1999 e 2006, quando Roriz era governador do Distrito Federal.

Líderes de outros partidos também esperam uma manifestação pública de Roriz. O líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), disse considerar fundamental que Roriz use a tribuna para dar explicações. ¿Roriz tem de tomar a iniciativa de falar ao Senado com a maior brevidade possível¿, afirmou.

Ontem, a exemplo do que fez com o caso do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o PSOL decidiu entrar com uma representação no Conselho de Ética contra Roriz. O partido, porém, ainda não resolveu se ingressará com o pedido de investigação hoje ou nos próximos dias. Há temor de que a solicitação de investigação neste momento contra Roriz possa atrapalhar a continuidade do processo contra Renan.

¿Não vamos participar de nenhuma operação que possa abafar a investigação contra Renan¿, afirmou a presidente do PSOL, ex-senadora Heloísa Helena. Nos bastidores, há quem aposte que a investigação contra Roriz pode representar uma trégua para o presidente do Senado.

No PMDB, a situação ontem foi considerada grave. O senador Gilvam Borges (AP) chegou a fazer um prognóstico pessimista. ¿Outros escândalos provavelmente virão¿, afirmou. Ele atribuiu a disputas políticas locais a divulgação das escutas que põem Roriz sob suspeita. ¿Há uma guerra em curso na capital federal¿, disse Borges, referindo-se ao antagonismo ¿surdo¿ entre o governador José Roberto Arruda e Roriz.