Título: Chávez dá aumento a militares
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Fonte: O Estado de São Paulo, 26/06/2007, Internacional, p. A16

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, anunciou um aumento de 30% nos salários dos militares do país. ¿Apesar de estar claro que quem se mete a soldado não pode aspirar a ser milionário, vocês têm direito de viver dignamente¿, disse o presidente, durante um discurso para militares venezuelanos na noite de domingo.

Tenente-coronel da reserva do Exército, Chávez limpou as Forças Armadas do país de oficiais oposicionistas depois do golpe que lhe tirou do poder por 48 horas em 2002. Hoje, o presidente tem nos quadros militares uma importante base de apoio de seu governo.

Criticado por seu ambicioso projeto para reaparelhar o Exército, Chávez também anunciou um programa para completar até 2011 a profissionalização das tropas venezuelanas. O objetivo seria, segundo o presidente, prepará-las para uma ¿possível invasão dos EUA¿ e permitir que elas se especializem em ações que exijam ¿um sentido mais estratégico¿, deixando o restante das atribuições para milícias populares.

Numa entrevista ao jornal venezuelano Últimas Notícias publicada ontem, Chávez explicou ainda que mudanças na estrutura do Exército serão incluídas no projeto de reforma constitucional que deve ser apresentado pela Assembléia Nacional em julho. A reforma deve modificar a atual Constituição Bolivariana, aprovada em 1999, e será submetida a um referendo popular.

Segundo o presidente, além das mudanças no Exército, ela incluirá o estabelecimento de reeleições indefinidas (leia ao lado) e sedimentará os princípios socialistas na Venezuela. ¿Só não estou de acordo que os militares atuem em um partido político. Isso não estará previsto na Constituição¿, afirmou o presidente. ¿Como está é suficiente.¿

CASO RCTV

Parlamentares da Venezuela e dos quatro países fundadores do Mercosul - Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina - participaram ontem de um encontro Legislativo do bloco em Montevidéu, no Uruguai. A comitiva brasileira pretendia pôr em discussão o caso da emissora Rádio Caracas Televisão (RCTV), mas desistiu na última hora.

Única emissora de alcance nacional que se mantinha na oposição a Chávez, a RCTV saiu do ar há quase um mês por uma decisão do governo venezuelano que motivou críticas de diversos países e organizações internacionais. Sua freqüência foi ocupada pela Televisão Venezuelana Social (Teves), emissora financiada pelo Estado e coordenada por profissionais indicados pelo Executivo.

O Ministro das Telecomunicações, Jesse Chacón, admitiu ontem que a nova emissora governista ¿não consegue alcançar os índices de audiência¿ das TVs comerciais ou mesmo da Venezuelana de Televisão (VTV), a outra emissora estatal. A RCTV era o canal mais popular da Venezuela, com índices de audiência de cerca de 40%.