Título: Falta de mão-de-obra é obstáculo, dizem analistas
Autor: Pamplona, Nicola.
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/06/2007, Economia, p. B3
O governo deve lançar um programa de qualificação de mão-de-obra para a usina nuclear de Angra dos Reis. A proposta é do presidente da Eletronuclear, Othon Pinheiro, e tem como objetivo resolver um dos principais gargalos à expansão do parque nuclear brasileiro, na opinião de especialistas do setor.
'Se não começarmos a treinar pessoas no ano que vem, não vai ter gente para operar Angra 3', diz o coordenador do programa de engenharia nuclear da Coppe/UFRJ, Aquilino Senra. Ele estima que serão necessários 150 engenheiros, que precisam de cinco anos de preparação.
Em palestra na semana passada, Pinheiro afirmou que há tempo hábil para a qualificação dos profissionais, uma vez que as obras da usina devem durar seis anos. Estima-se que, entre todos os profissionais, a operação de Angra 3 gere 600 empregos. O executivo afirmou que vai procurar instituições de ensino para negociar o desenvolvimento de cursos.
A necessidade de formação tende a aumentar à medida que o governo se decidir pela construção de novas usinas no País, conforme prevê o Plano Nacional de Energia 2030, da Empresa de Planejamento Energético. A Eletronuclear já estuda a construção de duas novas centrais, com capacidade para até seis usinas cada.
O desenvolvimento do setor vai demandar cérebros não apenas para a operação, mas para pesquisa e desenvolvimento, ressalta o presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Odair Gonçalves. 'Formar gente para a operação é fácil. O problema maior é produzir massa crítica para o desenvolvimento do setor.'
Gonçalves lembra que a idade média dos empregados no setor nuclear brasileiro é de 52 anos e, por isso, há grande contingente de profissionais se aposentando a cada ano. A Cnen vai propor ao MCT a criação de cursos de especialização no setor em parceria com órgãos estatais de fomento à pesquisa, como Finep e CNPq.