Título: Presidente do conselho é alvo de inquérito
Autor: Mendes, Vannildo
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/06/2007, Nacional, p. A6

Eleito para proteger o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) no Conselho de Ética, o novo presidente do colegiado, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Quintanilha é acusado de integrar uma quadrilha, desmantelada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público em 2002, que fraudava licitações e desviava recursos públicos destinados a obras no Tocantins. O senador nega a acusação e garante que será inocentado.

A investigação policial encontrou 14 cheques no valor de R$ 283.200 em favor de um irmão e um assessor do senador, depositados por uma empreiteira beneficiária de obras custeadas graças a emendas apresentadas por Quintanilha. A quadrilha, conforme o inquérito, que corre em segredo de justiça no STF, envolve 61 pessoas.

Além de fraudar licitações, superfaturar obras e às vezes nem sequer construí-las, as empreiteiras repassavam parte do dinheiro para familiares e assessores dos parlamentares supostamente envolvidos com o esquema. A contabilidade da propina, chamada pelos investigadores de ¿balancete da corrupção¿, foi encontrada pela PF no escritório da empreiteira Mendes & Facchini, espécie de bunker da quadrilha.

Advogado e pecuarista, como os senadores Renan e Joaquim Roriz (PMDB-DF), cujos julgamentos por quebra de decoro vai comandar, Quintanilha é um camaleão na política. Hoje com 51 anos, ele começou a vida pública, ainda jovem, como militante fervoroso da Arena na ditadura militar.

Após a redemocratização, ele aderiu ao PDC, onde ficou até o fim da década de 90. Depois foi para o PMDB e em 2005 engajou-se na extrema esquerda, filiando-se PC do B, com um discurso em que se comparava a Luiz Carlos Prestes, o Cavaleiro da Esperança.

Derrotado fragorosamente nas urnas, Quintanilha retornou ao PMDB.