Título: Para Tuma, defesa é insuficiente
Autor: Scinocca, Ana Paula
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/06/2007, Nacional, p. A9
O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), concluiu ontem que os documentos de defesa apresentados na quarta-feira pelo senador Joaquim Roriz (PMDB-DF) são ¿insuficientes¿ para assegurar a licitude da operação identificada pela Polícia Civil durante a Operação Aquarela. Tuma considerou frágeis as explicações do colega, que foi flagrado em escutas telefônicas realizadas pela polícia negociando o local de entrega e a partilha de R$ 2,2 milhões com o ex-presidente do Banco de Brasília (BRB), Tarcísio Franklin de Moura, um dos presos na Operação Aquarela.
Para a polícia, os recursos foram partilhados no escritório de Nenê Constantino, dono da companhia aérea Gol. Em sua defesa, o senador do Distrito Federal diz que pediu um empréstimo a Constantino, que é seu amigo, para pagar uma bezerra que comprara e recebeu o cheque de R$ 2,2 milhões, que sacou em 13 de março no BRB. Roriz afirma ter usado apenas R$ 300 mil e devolvido o restante ao empresário.
¿A explicação é frágil¿, afirmou Tuma ontem. ¿Qual é a razão de se descontar um cheque de mais de R$ 2 milhões na boca do caixa, ir para a casa de uma terceira pessoa para dividir esse dinheiro e não ter notificado a transação no Conselho de Controle das Atividades Financeiras (Coaf)?¿ O BRB só comunicou o saque de R$ 2,2 milhões ao Coaf em 19 de março, uma semana depois. Pela lei de combate à lavagem, os bancos são obrigados a comunicar em 24 horas qualquer saque ou depósito em espécie acima de R$ 100 mil.
De acordo com Tuma, em sua defesa Roriz anexou apenas cópia da documentação de compra de uma bezerra no valor de R$ 300 mil, cópia do cheque e uma declaração em que Constantino afirma ter emprestado R$ 300 mil ao senador do DF. Ao todo, a defesa entregue por ele ao Senado tem 14 páginas.
PROCURADOR
Tuma se reuniu ontem, por mais de uma hora, com o procurador-geral de Justiça do Distrito Federal , Leonardo Azeredo Bandarra, responsável pelo inquérito. Ele avisou ao senador que todas as investigações referentes a Roriz já foram encaminhadas ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza. ¿O fato de as investigações relacionadas o Roriz terem sido mandadas para a procuradoria mostram que o Ministério Público do DF enxergou que o senador cometeu algum crime¿, avaliou o corregedor.
Ele ressaltou, porém, que ainda é necessário esclarecer vários pontos e prometeu terminar seu trabalho em até 30 dias. ¿É preciso investigar, mas, sob o aspecto moral, há dúvidas sobre a questão ética¿, comentou. Na véspera, Tuma dissera que, em tese, já havia indicativo de que Roriz havia quebrado o decoro parlamentar.
Ao sair do encontro com Bandarra, Tuma deixou claro ainda que o Ministério Público do DF tem outras investigações em curso contra Roriz, o que pode complicar ainda mais sua situação. Indagado se aconselharia o colega de Senado a renunciar ao cargo, o corregedor preferiu se esquivar. ¿Essa é uma questão de ordem pessoal. Mas a situação dele hoje é mais preocupante e delicada.¿