Título: Grupo tentará salvar financiamento público
Autor: Madueño, Denise
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/06/2007, Nacional, p. A10

No dia seguinte à derrota no plenário da Câmara do sistema de votação em lista pré-ordenada pelos partidos, deputados buscam uma forma de salvar, pelo menos, o financiamento público de campanhas no projeto de reforma política. Juntamente com a lista, o financiamento público é considerado o principal pilar do projeto. As articulações começaram ontem, a partir de um grupo que defendia as listas partidárias, ainda em meio a um clima de ressaca pela votação da noite anterior.

Na sessão de quarta-feira à noite, os deputados rejeitaram a proposta do relator, Ronaldo Caiado (DEM-GO), que estabelecia o voto em lista fechada, sistema pelo qual o eleitor passaria a votar apenas no partido, que apresentaria uma relação definida de candidatos. Arquivaram também o modelo de lista flexível proposto pelo DEM, pelo PT, pelo PMDB e pelo PC do B, que previa o voto no partido, mas dava ao eleitor a opção de votar também no candidato de sua preferência.

O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), anunciou a retomada das votações da reforma política na semana que vem, partindo dos pontos mais consensuais. Antes, porém, vai reunir os líderes na terça-feira, para tentar um acordo de procedimento. ¿Vamos fazer uma nova rodada para ver se há acordo. Poderemos votar alguns temas, como o fim das coligações e a fidelidade partidária¿, avaliou Chinaglia.

Enquanto isso, o grupo que defende o financiamento público de campanha pretende buscar apoio nos próximos 15 dias, com a expectativa de atrair o PSB e o PDT para as negociações. Os dois partidos ficaram contra o sistema de lista fechada. ¿Tirando a lista do caminho, o PSB e o PDT abrem outro diálogo da reforma política¿, afirmou Henrique Fontana (PT-RS), um dos deputados que trabalharam no texto alternativo de reforma, em contraposição ao de Caiado.

¿A reforma política não acabou ontem. Ela começou ontem¿, afirmou o líder do PDT na Câmara, Miro Teixeira (RJ), referindo-se à votação de quarta-feira à noite. Miro, um dos que combateram o modelo de listas fechadas, quer a realização de plebiscito para que a população decida como será o sistema de votação no País.

MAJORITÁRIOS

Fontana também abriu um canal de negociação ontem com o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), partido que também se opôs ao sistema de lista pré-ordenada. Uma das propostas em discussão é estabelecer o financiamento público exclusivo para as campanhas a cargos majoritários - presidente da República, governadores, prefeitos e senadores. ¿Esse ponto é quase consensual¿, contou o petista. Ele explicou, no entanto, que a proposta vai além: ¿Vamos estudar um mecanismo de financiamento público para deputados nas campanhas nominais.¿

Já há uma emenda à reforma que prevê financiamento público com o atual sistema de votação, apresentada pelo deputado Flávio Dino (PC do B-MA). ¿Temos de encontrar um mecanismo de controle e de fiscalização do material de campanha, que deverá ficar com os partidos¿, acrescentou Fontana.

FRASES

Henrique Fontana (PT-RS) Deputado federal

¿Tirando a lista do caminho, PSB e PDT abrem outro diálogo¿

¿Vamos estudar um mecanismo de financiamento público para deputados nas campanhas nominais¿.