Título: BRA fala agora em mais 35 aviões da Embraer
Autor: Komatsu, Alberto
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/06/2007, Negócios, p. B24

Depois de anunciar na semana passada a intenção de compra de um total de 40 aviões da Embraer, a companhia aérea BRA acena com a possibilidade de elevar esse número em mais 35 jatos. De acordo com consultor da BRA, Marcelo Gomes, da Alvarez & Marsal, está sendo negociado com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) um contrato de financiamento de até 85% do total do negócio. Ontem, dirigentes da companhia estiveram na sede do banco, no Rio, mas a proposta formal só deve ser apresentada em duas semanas.

A negociação com a Embraer envolve 20 pedidos firmes do Embraer 195, para cerca de 100 passageiros, no valor total de US$ 730 milhões. Há mais 20 opções de compra que elevam o investimento para US$ 1,4 bilhão, mas a BRA não informa ainda o investimento que seria necessário para a inclusão de mais 35 aviões. Segundo Gomes - que elaborou o plano de expansão da BRA e colaborou com a reestruturação da Varig -, ainda estão sendo discutidas as condições do financiamento, que será concedido em reais.

'Estamos no meio da negociação, que se iniciou há um mês. Estamos considerando apenas o BNDES para o financiamento', disse Gomes, que se reuniu na tarde de ontem com técnicos do BNDES e com o presidente da BRA, Humberto Folegatti. Na semana passada, durante o anúncio da compra dos jatos da Embraer, o empresário manifestou desejo de chegar a 100 aviões nos próximos cinco anos, cada uma com capacidade para 100 passageiros.

Gomes diz que as taxas de juros e a participação do BNDES no financiamento ainda não foram acertadas, mas diz que uma das modalidades de empréstimo que já foi colocada na mesa é o Financiamento a Empreendimentos (Finem). Nesse caso, os acionistas da BRA entrariam com 25% da compra.

APORTE

Em dezembro do ano passado, o Brazil Air Partners, constituído por fundos de investimento como o Gávea, do ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, e por bancos como o Goldman Sachs e o Bank of America, comprou 72% dos papéis preferenciais da BRA por cerca de R$ 180 milhões.

No último dia 20, quando a compra dos jatos da Embraer foi anunciada, o BNDES informou que a o financiamento para a BRA deveria seguir o padrão usual do banco, que participa com cerca de 60% do valor total. O custo do dinheiro em operações padrão é TJLP, de 6,5%, mais 1,5% a 2% de spread e taxa de risco de 0,8% a 1,8%.

O consultor da BRA explica que os dois primeiros jatos da família 195 chegarão em fevereiro do ano que vem por meio de uma operação de arrendamento financeiro (mensalidades amortizam valor da compra) com a General Electric Commercial Aviation Services (Gecas).

Gomes lembra que o foco da BRA é a aviação regional, em cidades que deixaram de ser atendidas pela aviação regular. Segundo a Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), dos 5,3 mil municípios brasileiros, apenas 96 são atendidos pelas companhias aéreas de vôos regulares.