Título: Para Fiesp, expectativa é inflada
Autor: Graner, Fabio e Freire, Gustavo
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/06/2007, Economia, p. B5

O tom otimista na revisão das projeções de crescimento da economia do Banco Central (BC) foi interpretado de diferentes maneiras por empresários e economistas. 'É prática antiga do BC inflar expectativas durante o ano. Lá adiante, quando os números reais provam o erro, alegam que o mais importante fica por conta do crescimento que houve. Mas, na verdade, um crescimento pífio, bem abaixo dos demais países emergentes', diz o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf.

Ele lembra que o mesmo relatório do BC previa crescimento de 4% e inflação de 3,8% no ano passado, mas terminou com o PIB em 2,9% (3,7% pela nova metodologia) e inflação de 3,16%. Até o fim do ano essas previsões devem ser revistas e elevadas para 4%, na avaliação de Skaf.

O presidente da Fiesp lamenta também que o BC tenha reduzido a estimativa de expansão da indústria em 0,3 ponto porcentual, para 4,4%. 'Esse dado confirma que este momento, de câmbio valorizado, sacrifica o crescimento industrial e valoriza a importação.'

Já para para o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), as projeções do BC deixam claro que a expansão econômica não pressiona a inflação.'O ajuste não surpreende. O mercado já vinha revisando metas de crescimento. Mas a taxa do Banco Central está acima das previsões, que ficam entre 4,3% e 4,5%', diz o economista-chefe do Iedi, Edgard Pereira. 'Esse otimismo indica que eles entenderam que a economia não está causando pressão inflacionária, o que é compatível com a continuidade da queda da taxa de juros.'

A avaliação do economista Braulio Borges, da LCA Consultores, para o crescimento da economia vai na mesma linha. Na taxa elevada, observa, está implícito um crescimento muito forte das importações, em torno de 18%, dos investimentos, de 8,5% e do consumo das famílias de 6,1%.

'Significa que o crescimento do PIB é sustentável do ponto de vista inflacionário e não tende a gerar pressões de demanda, já que tanto as previsões para importações como para os investimentos estão acima do crescimento do consumo das famílias', diz.

Mas ele considera a projeção do BC muito otimista. 'Parte desse crescimento pode ser justificado também pela revisão de metodologia do PIB', diz. Ele recorda que, de 2004 a 2006, o PIB cresceu 4,1% e, pela antiga metodologia, 3,4% no mesmo período.

O presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Claudio Vaz, diz que o crescimento externo justifica as projeções do BC. 'Melhoramos em relação à situação anterior, mas nos distanciamos de países como a China, India e Leste Europeu, que crescem muito mais.'