Título: AES pode pagar hoje banco
Autor: Brandão Junior, Nilson
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/06/2007, Economia, p. B4
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem a possibilidade de receber hoje por um financiamento concedido em 1997 à Southern Eletric do Brasil (SEB), empresa do grupo americano AES, para a compra de 32,96% da Cemig. Com o pagamento, a AES liberaria as ações da Cemig, que estão com o BNDES como garantia da operação.
De acordo com o diretor financeiro, administrativo e de operações indiretas do banco, Maurício Borges Lemos, as ações se valorizaram muito desde a operação. Hoje superam o valor que o banco tem a receber, de cerca de R$ 2 bilhões. O banco teria lucro com o recebimento porque o empréstimo, que era de US$ 750 milhões na época em que foi concedido, já havia sido contabilizado, em seu balanço, como prejuízo.
Outra fonte informou ao Estado que há mais de um mês foi fechado um acordo pelo qual a SEB tem até o dia 30 deste mês para pagar em dinheiro a dívida que tem com o BNDES. Do contrário, o banco dará seguimento à ação na Justiça de execução das garantias da operação. O processo judicial teria sido suspenso pelo banco a pedido da SEB em virtude do acordo. A fonte estranhou a divulgação de um acordo já negociado que vinha sendo mantido em sigilo há algum tempo na véspera do dia marcado para o pagamento.
A notícia de que a AES está disposta a pagar hoje US$ 1 bilhão para o BNDES para liberar as ações da Cemig com o banco, todas ordinárias, fez esse papel subir 7,26% ontem na Bovespa para R$ 40,20, enquanto as ações preferenciais da Cemig caíram 2% para R$ 39,88. Foram negociados R$ 300 milhões em ações preferenciais da companhia elétrica mineira e R$ 84,3 milhões em ordinárias.
Segundo Lemos, a operação da Southern não está vinculada a outra do grupo AES, a da Brasiliana - controladora da distribuidora AES Eletropaulo, a AES Tietê, a comercializadora AES Infoenergy e duas empresas de telecomunicação. O BNDES quer vender sua metade na Brasiliana e a AES tem preferência para comprar, mas se não adquirir tudo, terá de vender sua parte também.
Mas o analista do Unibanco, Carlos Constantini, calculou que se a AES vendesse os 32,96% do capital ordinário da Cemig a R$ 37,50, abaixo do valor de hoje, captaria algo próximo de R$ 2,6 bilhões. Com isso, estaria fortalecida para comprar a Brasiliana.
INTERESSADA
A companhia franco-belga Suez Energy afirmou ontem que está estudando a possibilidade de comprar uma fatia na Brasiliana. 'A venda da Brasiliana é uma realidade e estamos estudando com bastante cuidado', afirmou o presidente da empresa no Brasil, Mauricio Bähr.