Título: Não falta nome para relatoria, problema é o perfil esperado
Autor: Moraes, Marcelo de e Ferreira, Ed
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/06/2007, Nacional, p. A4

Não é falta de nomes nem tampouco a recusa de convidados que explica a dificuldade do Conselho de Ética em definir um relator para o caso do presidente do Senado, Renan Calheiros. Governistas e oposicionistas dizem, nos bastidores, que o difícil é achar o perfil de engavetador que os aliados de Renan querem. ¿O problema é encontrar quem queira vestir o figurino ou ser carrasco¿, resumiu Tasso Jereissati (PSDB-CE).

¿A relatoria não foi oferecida ao PSDB, mas Demóstenes Torres (DEM-GO) já disse que aceita e outros confirmarão a mesma coisa se consultados¿, contou Sérgio Guerra (PSDB-PE). A oferta de Demóstenes não interessou, porém, porque ele quer estender as investigações e já avisou que não endossaria o relatório que inocenta Renan, apresentado pelo senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA), afastado para tratamento de saúde.

Guerra e Tasso admitem que a missão de julgar um colega de Senado não é fácil, mas acham que há ¿consciência crescente¿ na Casa de que não se pode fugir da missão. ¿Não podemos mais ficar paralisados à espera de um nome, enquanto o Senado se desgasta diante da opinião pública¿, disse Tasso. ¿Precisamos promover um debate de qualidade, evitar prejulgamentos e estabelecer uma conclusão que possa ser apresentada à opinião pública. Até agora, o Senado não cumpriu seu papel¿, afirmou Guerra.

O petista Eduardo Suplicy (SP) também se irritou com as queixas do então presidente do conselho, Sibá Machado (PT-AC), que ontem lamentara de novo a recusa de todos os senadores que havia convidado para a relatoria. Suplicy subiu à tribuna do Senado para registrar que não era ¿bem assim¿.

¿Eu próprio não fui convidado¿, afirmou. ¿Não é que eu esteja me oferecendo para assumir o posto, mas o fato é que todos temos que ter a responsabilidade de assumir esta função com equilíbrio, dando a Renan a oportunidade de defesa.¿