Título: Abbas pede concessão militar a Israel
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Fonte: O Estado de São Paulo, 27/06/2007, Internacional, p. A13
O presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmud Abbas, pediu ao primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, permissão para trazer para a Cisjordânia uma milícia palestina que está na Jordânia, numa tentativa de ampliar seu controle do território, revelaram ontem funcionários israelenses. O pedido foi feito na segunda-feira, durante reunião com Olmert no Egito. No encontro, Abbas buscou apoio para o governo de emergência que ele formou na Cisjordânia depois que o movimento radical islâmico Hamas tomou, no dia 14, o controle da Faixa de Gaza.
Segundo o jornal árabe Al-Hayat, editado em Londres, Abbas também pediu a Olmert a libertação de Marwan Barghuti. Ex-secretário-geral do Fatah - facção de Abbas - na Cisjordânia, Barghuti cumpre cinco penas de prisão perpétua em Israel por participação na morte de cinco israelenses em ataques das Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa, que ele chefiava até 2002, quando foi detido pelo Exército israelense em Ramallah.
Durante a cúpula, Olmert anunciou que libertará 250 prisioneiros palestinos do Fatah, em apoio a Abbas, mas destacou que nenhum deles poderá ¿ter as mãos sujas de sangue¿ israelense. No entanto, no governo de Israel, há quem defenda a libertação de Barghuti por causa de sua ampla popularidade entre os palestinos.
O ministro israelense do Meio Ambiente, Gideon Ezra, ex-subchefe do serviço secreto, pede há meses a libertação de Barghuti para que ele possa ajudar a fortalecer o governo de Abbas. Na semana passada, o jornal Haaretz defendeu a mesma posição em um editorial.
A porta-voz de Olmert, Miri Eisin, disse ontem que o governo está avaliando o pedido de Abbas sobre a transferência da milícia palestina Brigadas Badr da Jordânia para a Cisjordânia ocupada. Israel quer que Abbas faça mais para refrear os militantes e está estudando a possibilidade de fornecer armas adicionais às forças do presidente palestino.
Abbas inicialmente pensou em enviar as Brigadas Badr à Faixa de Gaza para tentar impedir que os militantes do Hamas disparassem foguetes contra Israel. Alguns dizem que as Brigadas Badr teriam menos de mil militantes. Outros dizem que teriam mais de 2 mil. Segundo analistas, as Brigadas Badr são a força mais bem treinada e equipada do Fatah, depois da Guarda Presidencial de Abbas.
O presidente da AP firmou ontem um decreto proibindo o porte de armas ou explosivos sem autorização, informou a agência palestina Wafa. O objetivo é ¿acabar com todos os grupos armados não oficiais¿.
Em uma nova medida de apoio ao governo de Abbas, a porta-voz de Olmert anunciou que as tropas israelenses ampliarão nos próximos meses a liberdade de movimento na Cisjordânia - provavelmente removendo alguns de seus postos de controle no território -, de modo que a população local possa deslocar-se ¿em um período de tempo normal¿ e ¿sem atrito com israelenses¿. Sem dar grandes detalhes, Eisin disse que o objetivo é que ¿quem vive, por exemplo, em Jenin possa ir a Nablus em um período de tempo normal¿. Ambas as localidades ficam no norte da Cisjordânia e não estão separadas pela barreira que Israel está construindo. Mas Nablus está completamente cercada por postos de controle do Exército israelense.
REPÓRTER DA BBC
Ainda ontem, os captores do jornalista da BBC Alan Johnston, seqüestrado em Gaza em 12 de março, ameaçaram ¿degolá-lo como um cordeiro¿ se suas exigências não forem atendidas. Os seqüestradores, membros do grupo Exército do Islã, exigem a libertação de três militantes ligados à Al-Qaeda detidos na Jordânia e na Grã-Bretanha. No domingo, o Exército do Islã divulgou na internet um vídeo de Johnston usando o que ele disse ser um cinturão-bomba, que seus captores detonarão se houver uma tentativa de resgate à força.