Título: Ingrato, posto no Oriente Médio está vago há um ano
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Fonte: O Estado de São Paulo, 27/06/2007, Internacional, p. A14

O cargo que deve ser ocupado por Tony Blair, de enviado especial para o Oriente Médio, é tão ingrato que está vago há mais de um ano. Seu predecessor, James Wolfensohn, ex-presidente do Banco Mundial, desistiu em abril de 2006, depois de passar um ano tentando algum progresso no processo de paz. Ninguém o sucedeu, em grande parte porque não há processo de paz sobre o qual tratar.

A descrição do cargo não parece atraente: o enviado tem quatro chefes - EUA, ONU, Rússia e União Européia -, que freqüentemente divergem entre si. Não há uma equipe nem escritórios esperando por Blair. Wolfensohn estabeleceu-se no elegante Hotel American Colony em Jerusalém. Até ontem, os funcionários do hotel não tinham nenhuma informação sobre reservas feitas no nome de Blair.

Antes de Wolfensohn, a tarefa estava a cargo do americano Dennis Ross, que também não obteve sucesso na tentativa de desbloquear o processo de paz. Como enviado, Blair se verá atolado em densas negociações sobre a distribuição das receitas da alfândega palestina e a redução dos postos de controle de segurança na região.

Tecnicamente, o enviado ao Oriente Médio reporta-se ao Quarteto, mas não é segredo que os EUA são o patrão mais importante. Como Blair, Wolfensohn assumiu o cargo com a impressão de que contava com o pleno respaldo de Washington, mas isso só durou até uma brusca virada nos eventos: a vitória do Hamas nas eleições de janeiro de 2006.